terça-feira, 3 de maio de 2011

ANABATIZAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ

ANABATIZAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ

A atual Igreja cristã, nesses últimos tempos, tem realizado uma impressionante leitura com relação à realidade do Cristianismo em todas as épocas. A esse fenomeno, Samuel Escobar, um dos fundadores da Fraternidade Teológica Latino Americana (FTL), deu o nome de “anabatização” do protestantismo de nosso continente.

O nome dado tem menos a ver com o fato do rebatismo dos católicos romanos, ou ortodoxos, e mais com a própria doutrina ideologica que se propagou da “apostasia da igreja”.

Desejo ressaltar que tal idéia é comum a grande parte das denominações protestantes e evangélicas, não sendo exclusividade desta ou daquela denominação; pelo contrário, inclusive às igrejas históricamente reformadas tem caído nesse laço pernicioso que conduz ao equivoco de considerar como erro maligno tudo aquilo que ocorreu, na igreja, desde a morte do apóstolo João e até a reforma preconizada pelo frei Martinho Lutero. Com isso, se joga na lata de lixo, algo como 15 séculos de história e avanços.

Mais que isso: se aceitassemos como fato real que tudo o que a igreja fez, durante todo esse tempo até Lutero, foi errado e que isso fez com que se afastasse de sua pureza original, teríamos que admitir como verdade, também, que durante quinze séculos o Espírito Santo não agiu no seio da igreja. Invalidando, assim, a palavra do SENHOR, que nos diz que as portas do inferno não prevaleceriam contra a igreja (cf. Mt. 16.18).

Se admitirmos que existiram (como de fato existiram e ainda hoje existem) diversos desvios, erros e superstições sendo admitidos e mesmo agregados, devemos admitir, também, que não podemos simplesmente invalidar o todo.

Lutero, Cranmer, e mesmo Calvino, consideravam a “velha” igreja como expressão do Corpo de Cristo.
E mais, devemos ter claro que em todos esses séculos sempre existiram homens tementes a DEUS e dispostos à Sua obra.

Não devemos e nem podemos adotar posição de uma eclesiologia dualista, dividindo a igreja de forma neoplatônica entre o organismo (que por ser de DEUS é bom) e a instituição (que por ser dos homens é má). Essa visão dualistica e neoplatônica, inclusive, já era proposta pelos gnósticos durante o primeiro século da era cristã e que eram fortemente combatidos pelo apóstolo João.

Não devemos admitir como correto a demonização das organizações históricas, mas devemos, sem dúvida, apontar os erros que existiram e, principalmernte, admitir esses erros e desvios, do passado, como lições a serem corregidos em nosso presente, para o futuro de nossa Igreja.

Afinal, até mesmo alguns desses que tem se levantado para atacar o passado da Igreja, e que apontam para a nulidade de tudo o que foi realizado durante o século II e até o século XVI, têm realizado “experiências” teológicas, que não raro, são antibíblicas.

E se é verdade que durante a implantação da Reforma, ainda que não negando a história da Igreja, tivemos um periodo em que a necessidade de auto afirmação exigiu a rejeição de todo tipo de ligação com o passado, especialmente no que tange às artes visuais, já que naquele momento os culto então existentes que eram de adoração às imagens, idolatria aos santos e indulgências; também é verdade que, apesar de toda “boa intenção”, acabou se tratando de um periodo negro em termos culturais, já que muitas obras realmente importantes foram perdidas, ou destruidas por conta de um “retorno às raizes cristãs”. Sem dúvida que se tratou de excessos desnecessários.

Assim também nos dias de hoje, muitas igrejas emergentes, oriundas de uma mistura que vai do pentecostalismo aos batistas, tem transformado o cristianismo em experiências místicas de êxtase, onde o mais importante é o que se sente e não o que se faz. Geralmente, essas igrejas, afirmam que as pessoas estão mais interessadas em saber de vida, e não de doutrinas, ainda que sejam bíblicas.

Essas mesmas igrejas acabam privilegiando a demonstração de poder sobrenatural, ao invés de levar o homem ao entendimento do que seja a verdadeira vida cristã e a consequente mudança de comportamento e atitude.

Uma das marcas mais evidentes dessa anabatização é herdada do liberalismo contemporâneo, que tenta transformar o evangelho em algo maleável, palatável, ao sabor do homem moderno e as suas necessidades. Se antes era a igreja quem modificava a cultura secular, hoje é a cultura secular que se impõe e transforma a igreja. Na linguagem cotidiana não há espaço para outra coisa que não seja a preocupação consigo mesmo e com aquilo que DEUS possa dar.

Não se verifica mais nossas igrejas conduzirem o homem ao conhecimento da verdadeira benção, que é servir (ao invés de ser servido). Não encontramos as igrejas ensinando que a verdade do evangelho está em Cristo e que a salvação se dá de forma gratuita, por Ele proporcionada, e que não há nenhum tipo de exigência. Que a maior benção está em termos sido resgatados de um mundo de pecado e justificados pelo sangue de Jesus, por vontade exclusiva d’Ele. E que por essas coisas servimos com (e por) amor a Cristo, sem nenhum tipo de interesse, a não ser o de agradar ao nosso Senhor e Salvador.

Às nossas igrejas compete apresentar o Salvador que Pedro apesentou em At. 2, de forma que assim como lá, as pessoas busquem saber o que devem fazer para obter o favor de Jesus e possamos, como os apóstolos, responder: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo” (At. 2.38).

SOMENTE A DEUS SEJA DADA A GLÓRIA!!!

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