As Noventa e Cinco Teses de Martinho Lutero
“Embora eu vivesse
uma vida impecável como monge, sentia-me um pecador de consciência pesada
diante de Deus. Também não podia acreditar que o tivesse agradado com minhas
obras. Longe de amar aquele Deus justo que pune os pecadores, eu na verdade o
odiava. Eu era um bom monge, e mantinha minha ordem de modo tão estrito que se
algum dia um monge pudesse chegar ao Paraíso pela disciplina monástica, eu
seria esse monge. Todos meus companheiros de monastério confirmariam isso [...]
E no entanto minha consciência não me dava certeza, e eu sempre duvidava e
dizia: ‘Não fizestes isso direito. Não fostes suficientemente contrito.
Deixastes isso de fora na confissão’.” (Martinho Lutero)
Corria o ano de 1517 e, durante o Outono, o frade dominicano João
Tetzel, que havia sido comissionado como emissário do Arcebispo de Mainz, chega
próximo de Wittenberg para vendera indulgências, que não é outra coisa senão a
compra do perdão de Deus, por valores doados a Igreja. Entretanto, devemos
ressaltar, que na verdade, o dinheiro obtido com esse comércio religioso,
destinava-se em partes à reconstrução da Basílica de São Pedro, em Roma, e o restante
ao pagamento da dívida contraída pelo Arcebispo, quando da compra de seu cargo
junto ao Papa.
Embora o monge agostiniano Martinho Lutero, desconhecesse a segunda
finalidade para o levantamento de tão vultosa quantia de dinheiro, irritou-se
com as maneiras grosseiras e pouco piedosas de Tetzel, lançando ataques contra
a venda de indulgências, até que propôs aquela que ficou conhecida como a
“Disputa do Doutor Martinho Lutero sobre o Poder e Eficácia das Indulgências”
e, no dia 31 de Outubro daquele ano afixou à porta da capela de Wittemberg as “95
Teses”. Neste documento Lutero deixa claro seu desejo de discutir com os
teólogos da época com relação a idéia das vendas de indulgências, já que em seu
parecer, Lutero entende a prática como corrupta e absolutamente frágil do ponto
de vista bíblico-teológico.
Martinho Lutero, inspirado pela Epístola de Paulo aos Romanos, adquire
plena convicção de que a salvação é proporcionada gratuitamente, por meio da fé
e que, contrariamente aos ensinos apregoados pela Igreja, o comparecimento aos
cultos, as peregrinações, às boas obras e o pagamento de indulgências não
podiam assegurar a salvação de ninguém.
O aprofundamento da questão leva a séria ruptura, já que o Vaticano
adotava a linha de pensamento escolástica, concebida por Tomás de Aquino, que
defendia a prática das boas obras e o uso da razão para explicar Deus, enquanto
Lutero aproximava-se do pensamento de Agostinho de Hipona que apontava para uma
busca pessoal e fé abnegada por Deus. E ai mais uma vez havia o choque entre
ambos os lados porque, se a escolha religiosa era um assunto individual,
tornava-se totalmente inútil a hierarquia eclesiástica.
A ação
do frei Martinho Lutero foi a resposta que ecoou contra esse comércio
religioso. Este evento marcou, de forma decisiva, o passo inicial da Reforma Protestante;
que acabou se espalhando pela Europa, tendo sido apoiada por diversos príncipes
e por fim abriu o debate
teológico que resultou no desenvolvimento de outras denominações, além da
luterana, como os presbiterianos, os batistas e os metodistas. E fazendo surgir
outros grandes nomes que ajudaram a consolidar a Reforma Protestante, entre
eles poderíamos lembrar os nomes de João Calvino, em Genebra, talvez o expoente
máximo depois de Lutero e um dos maiores teólogos do protestantismo mundial;
depois ainda destacamos os nomes de Zwinglio, em Zurique, que foram
sustentáculos do chamado ‘calvinismo’; Menno Simons, em Zurique, que preconizou
o radicalismo do movimento Anabatista; e poderíamos incluir também o rei
Henrique VIII, com a Reforma Anglicana.
Finalizando, gostaria de recordar
a frase dita por Martinho Lutero, ao ser confrontado, em Worms, pelo Santo
Imperador Carlos V (um absurdo resquício autoritário que desejava conciliar e
unificar a Igreja e as antigas fronteiras do Império Romano), que em 1521
exigia sua retratação:
“Se eu
não estiver convencido de erro pelo testemunho das escrituras ou pela razão
clara não posso retratar-me nem me retratarei de coisa alguma, pois não é
seguro nem honesto agir contra a própria consciência. Deus me ajude. Amém.”
1ª Tese: Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo:
Arrependei-vos...., certamente quer que toda a vida dos seus crentes na terra
seja contínuo arrependimento.
2ª Tese: E esta expressão não pode e não deve ser
interpretada como referindo-se ao sacramento da penitência, isto é, à confissão
e satisfação, a cargo do ofício dos sacerdotes.
3ª Tese: Todavia não quer que apenas se entenda o
arrependimento interno; o arrependimento interno nem mesmo é arrependimento
quando não produz toda sorte de modificações da carne.
4ª Tese: Assim sendo, o arrependimento e o pesar, isto é, a
verdadeira penitência, perdura enquanto o homem se desagradar de si mesmo, a
saber, até a entrada desta para a vida eterna.
5ª Tese: O papa não quer e não pode dispensar outras penas,
além das que impôs ao seu alvitre ou em acordo com os cânones, que são
estatutos papais.
6ª Tese: O papa não pode perdoar divida senão declarar e
confirmar aquilo que Já foi perdoado por Deus; ou então faz nos casos que lhe
foram reservados. Nestes casos, se desprezados, a dívida deixaria de ser em
absoluto anulada ou perdoada.
7ª Tese: Deus a ninguém perdoa a dívida sem que ao mesmo
tempo o subordine, em sincera humildade, ao sacerdote, seu vigário.
8ª Tese: Canones poenitendiales, que não as ordenanças de prescrição da maneira em
que se deve confessar e expiar, apenas aio Impostas aos vivos, e, de acordo com
as mesmas ordenanças, não dizem respeito aos moribundos.
9ª Tese: Eis porque o Espírito Santo nos faz bem mediante o
papa, excluído este de todos os seus decretos ou direitos o artigo da morte e
da necessidade suprema.
10ª Tese: Procedem desajuizadamente e mal os sacerdotes que
reservam e impõem aos moribundos poenitentias canonicas ou
penitências para o purgatório a fim de ali serem cumpridas.
11ª Tese: Este joio, que é o de se transformar a penitência e
satisfação, Previstas pelos cânones ou estatutos, em penitência ou penas do
purgatório, foi semeado quando os bispos se achavam dormindo.
12ª Tese: Outrora canonicae poenae, ou sejam
penitência e satisfação por pecadores cometidos eram impostos, não depois, mas
antes da absolvição, com a finalidade de provar a sinceridade do arrependimento
e do pesar.
13ª Tese: Os moribundos tudo satisfazem com a sua morte e
estão mortos para o direito canônico, sendo, portanto, dispensados, com
justiça, de sua imposição.
14ª Tese Piedade ou amor Imperfeitos da parte daquele que se
acha às portas da morte necessariamente resultam em grande temor; logo, quanto
menor o amor, tanto maior o temor.
15ª Tese: Este temor e espanto em si tão só, sem falar de
outras cousas, bastam para causar o tormento e o horror do purgatório, pois que
se avizinham da angústia do desespero.
16ª Tese: Inferno, purgatório e céu parecem ser tão
diferentes quanto o são um do outro o desespero completo, incompleto ou quase
desespero e certeza.
17ª Tese: Parece que assim como no purgatório diminuem a
angústia e o espanto das almas, nelas também deve crescer e aumentar o amor.
18ª Tese: Bem assim parece não ter sido provado, nem por boas
ações e nem pela Escritura, que as almas no purgatório se encontram fora da
possibilidade do mérito ou do crescimento no amor.
19ª Tese: Ainda parece não ter sido provado que todas as
almas do purgatório tenham certeza de sua salvação e não receiem por ela, não
obstante nós termos absoluta certeza disto.
20ª Tese: Por isso o papa não quer dizer e nem compreende com
as palavras perdão plenário de todas as penas que todo o tormento é perdoado,
mas as penas por ele impostas.
21ª Tese: Eis porque erram os apregoadores de indulgências ao
afirmarem ser o homem perdoado de todas as penas e salvo mediante a indulgência
do papa.
22ª Tese: Pensa com efeito, o papa nenhuma pena dispensa às
almas no purgatório das que segundo os cânones da Igreja deviam ter expiado e
pago na presente vida.
23ª Tese: Verdade é que se houver qualquer perdão plenário
das penas, este apenas será dado aos mais perfeitos, que são muito poucos.
24ª Tese: Assim sendo, a maioria do povo é ludibriada com as
pomposas promessas do indistinto perdão, impressionando-se o homem singelo com
as penas pagas.
25ª Tese: Exatamente o mesmo poder geral, que o papa tem
sobre o purgatório, qualquer bispo e cura d'almas o tem no seu bispado e na sua
paróquia, quer de modo especial e quer para com os seus em particular.
26ª Tese
O papa faz muito bem em não
conceder às almas o perdão em virtude do poder das chaves (ao qual não possui),
mas pela ajuda ou em forma de intercessão.
27ª Tese
Pregam futilidades humanas
quantos alegam que no momento em que a moeda soa ao cair na caixa a alma se vai
do purgatório.
28ª Tese
Certo é que no momento em que a
moeda soa na caixa vêm o lucro e o amor ao dinheiro cresce e aumenta; a ajuda,
porém, ou a intercessão da Igreja tão só correspondem à vontade e ao agrado de
Deus.
29ª Tese
E quem sabe, se todas as almas do
purgatório querem ser libertadas, quando há quem diga o que sucedeu com Santo
Severino e Pascoal.
30ª Tese
Ninguém tem certeza da
suficiência do seu arrependimento e pesar verdadeiros; muito menos certeza pode
ter de haver alcançado pleno perdão dos seus pecados.
31ª Tese
Tão raro como existe alguém que
possui arrependimento e, pesar verdadeiros, tão raro também é aquele que
verdadeiramente alcança indulgência, sendo bem poucos os que se encontram.
32ª Tese
Irão para o diabo juntamente com
os seus mestres aqueles que julgam obter certeza de sua salvação mediante
breves de indulgência.
33ª Tese
Há que acautelasse muito e ter
cuidado daqueles que dizem: A indulgência do papa é a mais sublime e mais
preciosa graça ou dádiva de Deus, pela qual o homem é reconciliado com Deus.
34ª Tese
Tanto assim que a graça da
indulgência apenas se refere à pena satisfatória estipulada por homens.
35ª Tese
Ensinam de maneira ímpia quantos
alegam que aqueles que querem livrar almas do purgatório ou adquirir breves de
confissão não necessitam de arrependimento e pesar.
36ª Tese
Todo e qualquer cristão que se arrepende
verdadeiramente dos seus pecados, sente pesar por ter pecado, tem pleno perdão
da pena e da dívida, perdão esse que lhe pertence mesmo sem breve de
indulgência.
37ª Tese
Todo e qualquer cristão
verdadeiro, vivo ou morto, é participante de todos os bens de Cristo e da
Igreja, dádiva de Deus, mesmo sem breve de indulgência.
38ª Tese
Entretanto se não deve desprezar
o perdão e a distribuição por parte do papa. Pois, conforme declarei, o seu
perdão constitui uma declaração do perdão divino.
39ª Tese
É extremamente difícil, mesmo
para os mais doutos teólogos, exaltar diante do povo ao mesmo tempo a grande
riqueza da indulgência e ao contrário o verdadeiro arrependimento e pesar.
40ª Tese
O verdadeiro arrependimento e
pesar buscam e amam o castigo: mas a profusão da indulgência livra das penas e
faz com que se as aborreça, pelo menos quando há oportunidade para isso.
41ª Tese
É necessário pregar
cautelosamente sobre a indulgência papal para que o homem singelo não julgue
erroneamente ser a indulgência preferível às demais obras de caridade ou melhor
do que elas.
42ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos, não
ser pensamento e opinião do papa que a aquisição de indulgência de alguma
maneira possa ser comparada com qualquer obra de caridade.
43ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos
proceder melhor quem dá aos pobres ou empresta aos necessitados do que os que
compram indulgências.
44ª Tese
Ê que pela obra de caridade
cresce o amor ao próximo e o homem torna-se mais piedoso; pelas indulgências,
porém, não se torna melhor senão mais seguro e livre da pena.
45ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que
aquele que vê seu próximo padecer necessidade e a despeito disto gasta dinheiro
com indulgências, não adquire indulgências do papa. mas provoca a ira de Deus.
46ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que,
se não tiverem fartura , fiquem com o necessário para a casa e de maneira
nenhuma o esbanjem com indulgências.
47ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos, ser
a compra de indulgências livre e não ordenada.
48ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que,
se o papa precisa conceder mais indulgências, mais necessita de uma oração
fervorosa do que de dinheiro.
49ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos,
serem muito boas as indulgências do papa enquanto o homem não confiar nelas; mas
muito prejudiciais quando, em conseqüência delas, se perde o temor de Deus.
50ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que,
se o papa tivesse conhecimento da traficância dos apregoadores
de indulgências, preferiria ver a catedral de São Pedro ser reduzida a cinzas a
ser edificada com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que
o papa, por dever seu, preferiria distribuir o seu dinheiro aos que em geral
são despojados do dinheiro pelos apregoadores de indulgências, vendendo, se
necessário fosse, a própria catedral de São Pedro.
52º Tese
Comete-se injustiça contra a
Palavra de Deus quando, no mesmo sermão, se consagra tanto ou mais tempo à
indulgência do que à pregação da Palavra do Senhor.
53ª Tese
São inimigos de Cristo e do papa
quantos por causa da prédica de indulgências proíbem a Palavra de Deus nas
demais igrejas.
54ª Tese
Esperar ser salvo mediante breves
de indulgência é vaidade e mentira, mesmo se o comissário de indulgências,
mesmo se o próprio papa oferecesse sua alma como garantia.
55ª Tese
A intenção do papa não pode ser
outra do que celebrar a indulgência, que é a causa menor, com um sino, uma
pompa e uma cerimônia, enquanto o Evangelho, que é o essencial, importa ser
anunciado mediante cem sinos, centenas de pompas e solenidades.
56ª Tese
Os tesouros da Igreja, dos quais
o papa tira e distribui as indulgências, não são bastante mencionados e nem
suficientemente conhecido na Igreja de Cristo.
57ª Tese
Que não são bens temporais, é
evidente, porquanto muitos pregadores a estes não distribuem com facilidade,
antes os ajuntam.
58ª Tese
Tão pouco são os merecimentos de
Cristo e dos santos, porquanto estes sempre são eficientes e, independentemente
do papa, operam salvação do homem interior e a cruz, a morte e o inferno para o
homem exterior.
59ª Tese
São Lourenço aos pobres chamava
tesouros da Igreja, mas no sentido em que a palavra era usada na sua época.
60ª Tese
Afirmamos com boa razão, sem
temeridade ou leviandade, que estes tesouros são as chaves da Igreja, a ela
dado pelo merecimento de Cristo.
61ª Tese
Evidente é que para o perdão de
penas e para a absolvição em determinados casos o poder do papa por si só
basta.
62ª Tese
63ª Tese
Este tesouro, porém, é muito
desprezado e odiado, porquanto faz com que os primeiros sejam os últimos.
64ª Tese
Enquanto isso o tesouro das
indulgências é sabiamente o mais apreciado, porquanto faz com que os últimos
sejam os primeiros.
65ª Tese
Por essa razão os tesouros
evangélicos outrora foram as redes com que se apanhavam os ricos e abastados.
66ª Tese
Os tesouros das indulgências,
porém, são as redes com que hoje se apanham as riquezas dos homens.
67ª Tese
As indulgências apregoadas pelos
seus vendedores como a mais sublime graça decerto assim são consideradas porque
lhes trazem grandes proventos.
68ª Tese
Nem por isso semelhante
indigência não deixa de ser a mais Intima graça comparada com a graça de Deus e
a piedade da cruz.
69ª Tese
Os bispos e os sacerdotes são
obrigados a receber os comissários das indulgências apostólicas com toda a
reverência.
70ª Tese
Entretanto têm muito maior dever
de conservar abertos olhos e ouvidos, para que estes comissários, em vez de cumprirem
as ordens recebidas do papa, não preguem os seus próprios sonhos.
71ª Tese
Aquele, porém, que se insurgir
contra as palavras insolentes e arrogantes dos apregoadores de indulgências,
seja abençoado
72ª Tese
Quem levanta a sua voz contra a
verdade das indulgências papais é excomungado e maldito.
73ª Tese
Da mesma maneira em que o papa
usa de justiça ao fulminar com a excomunhão aos que em prejuízo do comércio de
indulgências procedem astuciosamente.
74ª Tese
Muito mais deseja atingir com o desfavor
e a excomunhão àqueles que, sob o pretexto de indulgência, prejudiquem a santa
caridade e a verdade pela sua maneira de agir.
75ª Tese
Considerar as indulgências do
papa tão poderosas, a ponto de poderem absolver alguém dos pecados, mesmo que
(cousa impossível) tivesse desonrado a mãe de Deus, significa ser demente.
78 ª Tese
Bem ao contrario, afirmamos que a
indulgência do papa nem mesmo o menor pecado venial pode anular o que diz
respeito à culpa que constitui.
77ª Tese
Dizer que mesmo São Pedro, se
agora fosse papa, não poderia dispensar maior indulgência, significa blasfemar
S. Pedro e o papa.
78ª Tese
Em contrario dizemos que o atual
papa, e todos os que o sucederam, é detentor de muito maior indulgência, isto
é, o Evangelho, as virtudes o dom de curar, etc., de acordo com o que diz
1Coríntios 12.
79ª Tese
Afirmar ter a cruz de
indulgências adornada com as armas do papa e colocada na igreja tanto valor
como a própria cruz de Cristo, é blasfêmia.
80ª Tese
Os bispos, padres e teólogos que
consentem em semelhante linguagem diante do povo, terão de prestar contas deste
procedimento.
81ª Tese
Semelhante pregação, a enaltecer
atrevida e insolentemente a Indulgência, faz com que mesmo a homens doutos é
difícil proteger a devida reverência ao papa contra a maledicência e as fortes
objeções dos leigos.
82 ª Tese
Eis um exemplo: Por que o papa
não tira duma só vez todas as almas do purgatório, movido por santíssima'
caridade e em face da mais premente necessidade das almas, que seria justíssimo
motivo para tanto, quando em troca de vil dinheiro para a construção da
catedral de S. Pedro, livra um sem número de almas, logo por motivo bastante
Insignificante?
83ª Tese
Outrossim: Por que continuam as
exéquias e missas de ano em sufrágio das almas dos defuntos e não se devolve o
dinheiro recebido para o mesmo fim ou não se permite os doadores busquem de
novo os benefícios ou pretendas oferecidos em favor dos mortos, visto' ser
Injusto continuar a rezar pelos já resgatados?
84ª Tese
Ainda: Que nova piedade de Deus e
dó papa é esta, que permite a um ímpio e inimigo resgatar uma alma piedosa e
agradável a Deus por amor ao dinheiro e não resgatar esta mesma alma piedosa e
querida de sua grande necessidade por livre amor e sem paga?
85ª Tese
Ainda: Por que os cânones de
penitencia, que, de fato, faz muito caducaram e morreram pelo desuso, tornam a
ser resgatados mediante dinheiro em forma de indulgência como se continuassem
bem vivos e em vigor?
86ª Tese
Ainda: Por que o papa, cuja
fortuna hoje é mais principesca do que a de qualquer Credo, não prefere
edificar a catedral de S. Pedro de seu próprio bolso em vez de o fazer com o
dinheiro de fiéis pobres?
Ainda: Quê ou que parte concede o
papa do dinheiro proveniente de indulgências aos que pela penitência completa
assiste o direito à indulgência plenária?
88ª Tese
Afinal: Que maior bem poderia
receber a Igreja, se o papa, como Já O faz, cem vezes ao dia, concedesse a cada
fiel semelhante dispensa e participação da indulgência a título gratuito.
89ª Tese
Visto o papa visar mais a
salvação das almas do que o dinheiro, por que revoga os breves de indulgência
outrora por ele concedidos, aos quais atribuía as mesmas virtudes?
90ª Tese
Refutar estes argumentos sagazes
dos leigos pelo uso da força e não mediante argumentos da lógica, significa
entregar a Igreja e o papa a zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.
91ª Tese
Se a Indulgência fosse apregoada
segundo o espírito e sentido do papa, aqueles receios seriam facilmente
desfeitos, nem mesmo teriam surgido.
92ª Tese
Fora, pois, com todos estes
profetas que dizem ao povo de Cristo: Paz! Paz! e não há Paz.
93ª Tese
Abençoados sejam, porém, todos os
profetas que dizem à grei de Cristo: Cruz! Cruz! e não há cruz.
94ª Tese
Admoestem-se os cristãos a que se
empenhem em seguir sua Cabeça Cristo através do padecimento, morte e inferno.
95ª Tese
E assim esperem mais entrar no
Reino dos céus através de muitas tribulações do que facilitados diante de
consolações infundadas.
SOMENTE A DEUS SEJA DADA A GLÓRIA!!!
Confissão Belga
ARTIGO 1
O ÚNICO DEUS
Todos nós cremos com o
coração e confessamos com a boca [1] que há um só Deus [2], um único e simples
ser espiritual3. Ele é eterno [4], incompreensível [5] invisível [6], imutável
[7], infinito [8], todo-poderoso [9]; totalmente sábio [10], justo [11] e bom
[12], e uma fonte muito abundante de todo bem.
1 Rm 10:10. 2 Dt 6:4; I Co 8:4,6; 1Tm 2:5.
3 Jo 4:24. 4 S1 90:2. 5 Rm 11:33. 6 Cl 1:15; I Tm 6:16. 7 Tg 1:17. 8 I Rs 8:27;
Jr 23:24. 9
Gn 17:1; Mt 19:26; Ap 1:8. 10 Rm 16:27. 11 Rm 3:25, 26; Rm 9:14; Ap 16:5, 7. 12
Mt 19:17. Veja também Is 40, 44 e 46.
ARTIGO 2
COMO CONHECEMOS A
DEUS
Nós O conhecemos por dois
meios. Primeiro: pela criação, manutenção e governo do mundo inteiro, visto que
o mundo, perante nossos olhos, é como um livro formoso [1], em que todas as
criaturas, grandes e pequenas, servem de letras que nos fazem contemplar "os
atributos invisíveis de Deus", isto é, "o seu eterno poder e a sua
divindade", como diz o apóstolo Paulo (Romanos 1:20). Todos estes
atributos são suficientes para convencer os homens e torná-los indesculpáveis.
Segundo: Deus se fez
conhecer, ainda mais clara e plenamente, por sua sagrada e divina Palavra [2],
isto é, tanto quanto nos é necessário nesta vida, para sua glória e para a
salvação dos que Lhe pertencem.
1 Sl 19:1-4. 2 Sl 19:7, 8; I Co 1:18-21.
ARTIGO 3
A PALAVRA DE DEUS
Confessamos que a palavra
de Deus não foi enviada nem produzida "por vontade humana, mas homens
falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo", como diz o
apóstolo Pedro (2 Pedro 1:21).
Depois, Deus, por seu
cuidado especial para conosco e para com a nossa salvação, mandou seus servos,
os profetas e os apóstolos, escreverem sua palavra revelada [1]. Ele mesmo
escreveu com o próprio dedo as duas tábuas da lei [2].
Por isso, chamamos estas
escritas: sagradas e divinas Escrituras [3].
1 Êx 34:27; Sl 102:18; Ap 1:11,19. 2 Êx 31:18.
3 II Tm 3:16.
ARTIGO 4
OS LIVROS CANÔNICOS
A Sagrada Escritura consiste de dois volumes: O Antigo e o Novo Testamento, que são canônicos e não podem ser contraditos de forma alguma.
A Igreja de Deus reconhece
a lista seguinte:
Os livros do Antigo Testamento:
Gênesis, Êxodo, Levítico,
Números, Deuteronômio (os cinco livros de Moisés); Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel,
I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias, Ester, Jó, Salmos, Provérbios,
Eclesiastes, Cantares; Isaías, Jeremias (com Lamentações), Ezequiel, Daniel (os
quatro profetas maiores); Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum,
Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias (os doze profetas menores);
Os livros do Novo
Testamento:
Mateus, Marcos, Lucas,
João (os quatro evangelistas); Atos dos Apóstolos; Romanos, I e II Coríntios,
Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II
Timóteo, Tito, Filemom (as treze epístolas do apóstolo Paulo); Hebreus, Tiago, I
e II Pedro, I,
II e III João, Judas e Apocalipse.
ARTIGO 5
A AUTORIDADE DA
SAGRADA ESCRITURA
Recebemos [1] todos estes
livros, e somente estes, como sagrados e canônicos, para regular, fundamentar e
confirmar nossa fé [2]. Acreditamos, sem dúvida nenhuma, em tudo que eles
contêm, não tanto porque a igreja aceita e reconhece estes livros como
canônicos, mas principalmente porque o Espírito Santo testifica em nossos
corações que eles vêm de Deus [3], como eles mesmos provam. Pois até os cegos
podem sentir que as coisas, preditas neles, se cumprem [4].
1 – I Ts
2:13. 2 – II Tm 3:16,17. 3 –
I Co 12:3; I Jo 4:6; 1Jo 5:6b. 4 - Dt 18:21, 22; I Rs 22:28; Jr 28:9; Ez
33:33.
ARTIGO 6
A DIFERENÇA ENTRE
OS LIVROS CANÔNICOS E APOCRIFOS
Distinguimos estes livros sagrados dos livros apócrifos que são os seguintes: 3 e 4 Esdras, Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, os Acréscimos ao livro de Ester e Daniel, a Oração de Manassés e 1 e 2 Macabeus.
A igreja pode, sim, ler
estes livros e tirar deles ensino, na medida em que concordem com os livros canônicos.
Porém, os apócrifos não têm tanto poder e autoridade que o testemunho deles
possa confirmar qualquer artigo da fé ou da religião cristã; e muito menos
podem eles diminuir a autoridade dos sagrados livros.
ARTIGO 7
A SAGRADA ESCRITURA:
PERFEITA E COMPLETA
Cremos que esta Sagrada Escritura contém perfeitamente a vontade de Deus e suficientemente ensina tudo o que o homem deve crer para ser salvo [1]. Nela, Deus descreveu, por extenso, toda a maneira de servi-Lo. por isso, não e lícito aos homens, mesmo que fossem apóstolos "ou um anjo vindo do céu", conforme diz o apóstolo Paulo (Gálatas 1:8), ensinarem outra doutrina, senão aquela da Sagrada Escritura [2]. É proibido "acrescentar algo a Palavra de Deus ou tirar algo dela" [3] (Deuteronômio 12:32; Apocalipse 22:18, 19). Assim se mostra claramente que sua doutrina é perfeitíssima e, em todos os sentidos, completa [4].
Não se pode igualar
escritos de homens, por mais santos que fossem os autores, às Escrituras
divinas. Nem se pode igualar à verdade de Deus costumes, opiniões da maioria,
instituições antigas, sucessão de tempos ou de pessoas, ou concílios, decretos
ou resoluções [5]. Pois a verdade está acima de tudo e todos os homens são
mentirosos (Salmo 116:11) e "mais leves que a vaidade" (Salmo 62:9).
Por isso, rejeitamos de
todo o coração tudo que não está de acordo com esta regra infalível [6],
conforme os apóstolos nos ensinaram: "Provai os espíritos se procedem de
Deus" (l João 4:1), e: "Se alguém vem ter convosco e não traz esta
doutrina, não o recebais em casa" (2 João: 10).
1 II Tm 3:16,17; I Pe 1:10-12. 2 I Co
15:2; I Tm 1:3. 3 Dt 4:2; Pv 30:6; At 26:22; I Co 4:6. 4 Sl 19:7; Jo 15:15; At
18:28; At 20:27; Rm 15:4. 5 Mc 7:7-9; At 4:19; Cl 2:8; I Jo 2:19. 6 Dt 4:5,6;
Is 8:20; I Co 3:11; Ef 4:4-6; II Ts 2:2; II Tm 3:14,15.
ARTIGO 8
A TRINDADE: UM SÓ
DEUS, TRÊS PESSOAS.
Conforme esta verdade e
esta palavra de Deus, cremos em um só Deus [1], que é um único ser, em que há
três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo [2]. Estas são, realmente e
desde a eternidade, distintas conforme os atributos próprios de cada Pessoa.
O Pai é a causa, a origem
e o princípio de todas as coisas visíveis e invisíveis [3]. O Filho é o Verbo,
a sabedoria e a imagem do Pai [4]. O Espírito Santo, que procede do Pai e do
Filho, é a eterna força e o poder [5].
Esta distinção não
significa que Deus está dividido em três. Pois a Sagrada Escritura nos ensina
que cada um destes três, o Pai e o Filho e o Espírito Santo, tem sua própria
existência, distinta por seus atributos, de tal maneira, porém, que estas três
pessoas são um só Deus. É claro, então, que o Pai não é o Filho e que o Filho
não é o Pai; que, também, o Espírito Santo não é o Pai ou o Filho.
Entretanto, estas Pessoas,
assim distintas, não são divididas nem confundidas entre si. Porque somente o
Filho se tornou homem, não o Pai ou o Espírito Santo. O Pai jamais existiu sem
seu Filho [6] e sem seu Espírito Santo, pois todos os três têm igual
eternidade, no mesmo ser. Não há primeiro nem último, pois todos os três são um
só em verdade, em poder, em bondade e em misericórdia.
1 I Co 8:4-6. 2 Mc 3:16,17; Mt 28:19. 3 Ef
3:14,15. 4 Pv 8:22-31; Jo 1:14; Jo 5:17-26; I Co 1:24; Cl 1:15-20; Hb 1:3; Ap
19:13. 5
Jo 15:26. 6 Mq 5:1; Jo 1:1, 2.
ARTIGO 9
O TESTEMUNHO DA
ESCRITURA SOBRE A TRINDADE
Tudo isto sabemos tanto pelo testemunho da Sagrada Escritura [1], como pelas obras das três Pessoas, principalmente por aquelas que percebemos em nós. Os testemunhos das Sagradas Escrituras, que nos ensinam a crer nesta Trindade, se acham em muitos lugares do Antigo Testamento. Não é preciso alistá-los, somente escolhê-los cuidadosamente. Em Gênesis 1:26 e 27, Deus diz: "Façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança" etc. "Criou Deus, pois, o homem a sua imagem; homem e mulher os criou".
Assim também em Gênesis
3:22: "Eis que o homem se tornou como um de nós". Com isto se mostra
que há mais de uma pessoa em Deus, porque Ele diz: "Façamos o homem a
nossa imagem"; e, em seguida, Ele indica que há um só Deus, quando diz:
"Deus criou". É verdade que Ele não diz quantas pessoas há, mas o que
é um tanto obscuro, para nós, no Antigo Testamento, é bem claro no Novo. Pois
quando nosso Senhor foi batizado no rio Jordão, ouviu-se a voz do Pai, que
falou: "Este é o meu filho amado" (Mateus 3:17); enquanto o Filho foi
visto na água e o Espírito Santo se manifestou em forma de pomba [2].
A1ém disto, Cristo
instituiu, para o batismo de todos os fiéis, esta forma: Batizai todas as
nações "em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mateus
28:19). No evangelho segundo Lucas, o anjo Gabriel diz a Maria, mãe do Senhor:
"Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com
a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer, será chamado Filho
de Deus" (Lucas 1:35). Do mesmo modo: "A graça do Senhor Jesus
Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos
vós" (2 Coríntios 13:13). * Em todos estes lugares, nos é ensinado que há
três Pessoas em um só ser divino. E embora esta doutrina ultrapasse o
entendimento humano, cremos nela, baseados na Palavra, e esperamos gozar de seu
pleno conhecimento e fruto no céu.
Devemos considerar,
também, a obra própria que cada uma destas três Pessoas efetua em nós: o Pai é
chamado nosso Criador, por seu poder; o Filho é nosso Salvador e Redentor, por
seu sangue; o Espírito Santo é nosso Santificador, porque habita em nosso
coração.
A verdadeira igreja sempre
tem mantido esta doutrina da Trindade, desde os dias dos apóstolos até hoje,
contra os judeus, os muçulmanos e falsos cristãos e hereges como Marcião, Mani,
Práxeas, Sabélio, Paulo de Samósata, Ário e outros. A igreja antiga os
condenou, com toda a razão. por isso, nesta matéria, aceitamos, de boa vontade,
os três Credos ecumênicos, a saber: o Apostólico, o Niceno e o Atanasiano; e
também o que a igreja antiga determinou em conformidade com estes credos.
1 - Jo
14:16; Jo 15:26; At 2:32,33; Rm 8:9; Gl 4:6; Tt 3:4-6; I Pe 1:2; I Jo 4:13,14;
I Jo 5:1-12; Jd :20,21; Ap 1:4,5. 2 - Mt 3:16.
* Originalmente o texto incluía aqui as seguintes palavras:
"E: "há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra, e o
Espírito Santo; e estes três são um" (1 Jo 5:7)". A referência a 1
João 5:7b e duvidosa, porque este texto não se acha nos manuscritos antigos.
ARTIGO 10
JESUS CRISTO É DEUS
Cremos que Jesus Cristo, segundo sua natureza divina, é o único Filho de Deus [1], gerado desde a eternidade. Ele não foi feito, nem criado - pois, assim, Ele seria uma criatura, - mas é de igual substância do pai, co-eterno, "o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser" (Hebreus 1:3), igual a Ele em tudo [2].
Ele é o Filho de Deus, não
somente desde que assumiu nossa natureza, mas desde a eternidade [3], como os
seguintes testemunhos nos ensinam, ao serem comparados uns aos outros:
Moisés diz que Deus criou
o mundo [4], e o apóstolo João diz que todas as coisas foram feitas por
intermédio do Verbo que ele chama Deus [5]. O apóstolo diz que Deus fez o
universo por seu Filho [6] e, também, que Deus criou todas as coisas por meio
de Jesus Cristo [7]. Segue-se necessariamente que aquele que é chamado Deus, o
Verbo, o Filho e Jesus Cristo, já existia, quando todas as coisas foram criadas
por Ele. O profeta Miquéias, portanto, diz: "Suas origens são desde os
tempos antigos, desde os dias da eternidade" (Miquéias 5:2); e a carta aos
Hebreus testemunha: "Ele não teve princípio de dias, nem fim de
existência" (Hebreus 7:3).
Assim, Ele é o verdadeiro,
eterno Deus, o Todo-poderoso, a quem invocamos, adoramos e servimos.
1 Mt 17:5; Jo 1:14,18; Jo 3:16; Jo 14:1-14; Jo 20:17,31; Rm 1:4;
Gl 4:4; Hb 1:1; lJo 5:5,9-12. 2 Jo 5:18,23; Jo 10:30; Jo 14:9; Jo 20:28; Rm
9:5; Fp 2:6; Cl 1:15; Tt 2:13; Hb 1:3; Ap 5:13. 3 Jo 8:58; Jo 17:5; Hb 13:8. 4
Gn 1:1. 5 Jo 1:1-3. 6 Hb 1:2. 7 1Co 8:6; Cl 1:16.
ARTIGO 11
O ESPÍRITO SANTO É DEUS
O ESPÍRITO SANTO É DEUS
Cremos e confessamos,
também, que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho, desde a eternidade. Ele
não foi feito, nem criado, nem gerado; mas procede de ambos1.
Na ordem, Ele é a terceira
pessoa da Trindade, de igual substância, majestade e glória do Pai e do Filho,
verdadeiro e eterno Deus, como nos ensinam as Sagradas Escrituras2.
1 Jo 14:15-26; Jo 15:26; Rm 8:9. 2 Gn 1:2;
Mt 28:19; At 5:3,4; I Co 2:10; I Co 6:11; I Jo 5:6.
ARTIGO 12
A CRIACAO DO MUNDO; OS ANJOS
A CRIACAO DO MUNDO; OS ANJOS
Cremos que o Pai, por seu
Verbo - quer dizer: por seu Filho -, criou, do nada, o céu, a terra e todas as
criaturas, quando bem Lhe aprouver. A cada criatura Ele deu sua própria
natureza e forma e sua própria função para servir ao seu Criador. Também, Ele
ainda hoje sustenta todas essas criaturas e as governa segundo sua eterna
providencia e por seu infinito poder, para elas servirem ao homem, a fim de que
o homem sirva a seu Deus.
Ele também criou bons os
anjos para serem seus mensageiros e servirem aos eleitos2. Alguns deles caíram
na eterna perdição3, da posição excelente em que Deus os tinha criado, mas os
outros, pela graça de Deus, perseveraram e continuaram em sua primeira posição.
Os demônios e os espíritos malignos são tão corrompidos que são inimigos de
Deus e de todo o bem4. Como assassinos, com toda a sua força, estão à espreita
da igreja e de cada um de seus membros, para demolir e destruir tudo com sua
astúcia5. Por isso, por causa de sua própria malícia, estão condenados a
maldição eterna e aguardam, a cada dia, seus tormentos terríveis6.
Neste ponto, rejeitamos e
detestamos o erro dos saduceus que negam a existência de espíritos e de anjos7;
também o erro dos maniqueus que dizem que os demônios têm sua origem em si
mesmos e são maus por natureza; eles negam que os demônios se corromperam.
1 Gn 1:1; Gn 2:3; Is 40:26; Jr 32:17; Cl
1:15,16; I Tm 4:3; Hb 11:3; Ap 4:11. 2 Sl 103:20,21; Mt 4:11; Hb 1:14. 3 Jo
8:44; II Pe 2:4; Jd :6. 4 Gn 3:1-5; I Pe 5:8. 5 Ef 6:12; Ap 12:4,13-17; Ap
20:7-9. 6
Mt 8:29; Mt 25:41; Ap 20:10. 7 At 23:8.
ARTIGO 13
A PROVIDÊNCIA DE DEUS
A PROVIDÊNCIA DE DEUS
Cremos que o bom Deus, depois de ter criado todas as coisas, não as abandonou, nem as entregou ao acaso ou a sorte1, mas que as dirige e governa conforme sua santa vontade, de tal maneira que neste mundo nada acontece sem sua determinação2. Contudo, Deus não é o autor, nem tem culpa do pecado que se comete3. Pois seu poder e bondade são tão grandes e incompreensíveis, que Ele ordena e faz sua obra muito bem e com justiça, mesmo que os demônios e os ímpios ajam injustamente4. E as obras d'Ele que ultrapassam o entendimento humano, não queremos investigá-las curiosamente, além da nossa capacidade de entender. Mas, adoramos humilde e piedosamente a Deus em seus justos julgamentos, que nos estão escondidos5. Contentamo-nos em ser discípulos de Cristo, a fim de que aprendamos somente o que Ele nos ensina na sua Palavra, sem ultrapassar estes limites6.
Este ensino nos traz um
inexprimível consolo, quando aprendemos dele, que nada nos acontece por acaso,
mas pela determinação de nosso bondoso Pai celestial. Ele nos protege com um
cuidado paternal, dominando todas as criaturas de tal modo que nenhum cabelo -
pois estes estão todos contados- e nenhum pardal cairão em terra sem o
consentimento de nosso Pai (Mateus 10:29,30). Confiamos nisto, pois sabemos que
Ele reprime os demônios e todos os nossos inimigos, e que eles, sem sua
permissão, não nos podem prejudicar7. Por isso, rejeitamos o detestável erro
dos epicureus, que dizem que Deus não se importa com nada e entrega tudo ao
acaso.
1 Jo 5:17; Hb 1:3. 2 Sl 115:3; Pv
16:1,9,33; Pv 21:1; Ef 1:11. 3 Tg 1:13; 1Jo 2:16. 4 Jó 1:21; Is 10:5; Is 45:7;
Am 3:6; At 2:23; At 4:27,28. 5 I Rs 22:19-23; Rm 1:28; 2Ts 2:11. 6 Dt 29:29; I
Co 4:6. 7 Gn 45:8; Gn 50:20; II Sm 16:10; Rm 8:28,38,39.
ARTIGO 14
A CRIAÇÃO DO HOMEM. SUA QUEDA
E SUA INCAPACIDADE DE FAZER O BEM
A CRIAÇÃO DO HOMEM. SUA QUEDA
E SUA INCAPACIDADE DE FAZER O BEM
Cremos que Deus criou o
homem do pó da terra1, e o fez e formou conforme sua imagem e semelhança: bom,
justo e santo2, capaz de concordar, em tudo, com a vontade de Deus. Mas, quando
o homem estava naquela posição excelente, ele não a valorizou e não a
reconheceu. Dando ouvidos às palavras do diabo, submeteu-se por livre vontade
ao pecado e assim à morte e à maldição3. Pois transgrediu o mandamento da vida,
que tinha recebido e, pelo pecado, separou-se de Deus, que era sua verdadeira
vida. Assim ele corrompeu toda a sua natureza e mereceu a morte corporal e
espiritual4.
Tornando-se ímpio,
perverso e corrupto em todas as suas práticas, ele perdeu todos os dons
excelentes5, que tinha recebido de Deus. Nada lhe sobrou destes dons, senão
pequenos traços, que são suficientes para deixar o homem sem desculpa6. Pois
toda a luz em nós se tornou em trevas7 como nos ensina a Escritura: "A luz
resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela" (João 1:5).
Aqui o apóstolo João chama os homens "trevas". Por isso, rejeitamos
todo o ensino contrário, sobre o livre arbítrio do homem, porque o homem
somente é escravo do pecado e "não pode receber coisa alguma se do céu não
lhe for dada" (João 3:27). Pois quem se gloriará de fazer alguma coisa boa
pela própria força, se Cristo diz: "Ninguém pode vir a mim se o Pai que me
enviou não o trouxer" (João 6:44)? Quem falará sobre sua própria vontade
sabendo que "o pendor da carne e inimizade contra Deus" (Romanos
8:7)? Quem ousará vangloriar-se sobre seu próprio conhecimento, reconhecendo
que "o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus"
(1Coríntios 2:14)? Em resumo: quem apresentará um pensamento sequer, admitindo
que não somos "capazes de pensar alguma coisa como se partisse de
nós", mas que "a nossa suficiência vem de Deus" (2Coríntios
3:5)?
Por isso, devemos insistir
nesta palavra do apóstolo: "Deus é quem efetua em vós tanto o querer como
o realizar, segundo a sua vontade" (Filipenses 2:13). Pois, somente o
entendimento ou a vontade que Cristo opera no homem, está em conformidade com o
entendimento e vontade de Deus, como Ele ensina: "Sem mim nada podeis fazer"
(João 15:5).
1 Gn 2:7; Gn 3:19; Ec 12:7. 2 Gn 1:26,27;
Ef 4:24; Cl 3:10. 3 Gn 3:16-19; Rm 5:12. 4 Gn 2:17; Ef 2:1; Ef 4:18. 5 Sl 94:11; Rm 3:10; Rm 8:6. 6 Rm
1:20,21. 7 Ef 5:8.
ARTIGO 15
O PECADO ORIGINAL
Cremos que, pela desobediência de Adão, o pecado original se estendeu por todo o gênero humano l. Este pecado é uma depravação de toda a natureza humana2 e um mal hereditário, com que até as crianças no ventre de suas mães estão contaminadas3. É a raiz que produz no homem todo tipo de pecado. por isso, é tão repugnante e abominável diante de Deus que é suficiente para condenar o gênero humano4.
Nem pelo batismo o pecado
original é totalmente anulado ou destruído, porque o pecado sempre jorra desta
depravação como água corrente de uma fonte contaminada5. 0 pecado original,
porém, não é atribuído aos filhos de Deus para condená-los, mas é perdoado pela
graça e misericórdia de Deus6. Isto não quer dizer que eles podem continuar
descuidadamente numa vida pecaminosa. Pelo contrário, os fiéis, conscientes
desta depravação, devem aspirar a livrar-se do corpo dominado pela morte
(Romanos 7:24).
Neste ponto rejeitamos o
erro do pelagianismo, que diz que o pecado é somente uma questão de imitação.
1 Rm 5:12-14,19. 2 Rm 3:10. 3 Jó 14:4; Sl 51:5; Jo 3:6. 4 Ef 2:3.
5 Rm 7:18,19. 6 Ef 2:4,5.
ARTIGO 16
ELEIÇÃO ETERNA POR DEUS
ELEIÇÃO ETERNA POR DEUS
Cremos que Deus, quando o pecado do primeiro homem lançou Adão e toda a sua descendência na perdição l mostrou-se como Ele é, a saber: misericordioso e justo. Misericordioso, porque Ele livra e salva da perdição aqueles que Ele em seu eterno e imutável conselho2, somente pela bondade, elegeu3 em Jesus Cristo nosso Senhor4, sem levar em consideração obra alguma deles5. Justo, porque Ele deixa os demais na queda e perdição, em que eles mesmos se lançaram6.
1 Rm 3:12. 2 Jo 6:37,44; Jo 10:29: Jo 17: 2,9,12; Jo 18:9. 3
I Sm 12:22; Sl 65:4; At 13: 48; Rm 9:16; Rm 11:5; Tt 1:1. 4 Jo 15:16,19; Rm 8:29; Ef 1:4,5. 5 Ml
1:2,3; Rm 9:11-13; IITm 1:9; Tt 3:4,5. 6 Rm 9:19-22; I Pe 2:8.
ARTIGO 17
O SALVADOR, PROMETIDO POR DEUS
Cremos que nosso bom Deus, vendo que o homem havia se lançado assim na morte corporal e espiritual e se havia feito totalmente miserável, foi pessoalmente em busca do homem, quando este, tremendo, fugia de sua presença l. Assim Deus mostrou sua maravilhosa sabedoria e bondade. Ele confortou o homem com a promessa de lhe dar seu Filho, que nasceria de uma mulher (Gálatas 4:4) a fim de esmagar a cabeça da serpente (Gênesis 3:15) e de tornar feliz o homem2.
1 Gn 3:9. 2 Gn 22:18; Is 7:14; Jo 1:14; Jo
5:46; Jo 7:42; At 13:32; Rm 1:2,3; Gl 3:16; 2Tm 2:8; Hb 7:14.
ARTIGO 18
A ENCARNAÇÃO DO FILHO DE DEUS
A ENCARNAÇÃO DO FILHO DE DEUS
Confessamos, então, que Deus cumpriu a promessa, feita aos pais antigos pela boca dos seus santos profetas l, quando enviou ao mundo seu próprio, único e eterno Filho, no tempo determinado por Ele2. Este assumiu a forma de servo e tornou-se semelhante aos homens (Filipenses 2:7), tomando realmente a verdadeira natureza humana com todas as suas fraquezas3, mas sem o pecado4. Foi concebido no ventre da bem aventurada virgem Maria, pelo poder do Espírito Santo, sem intervenção do homem5. E não somente tomou a natureza humana quanto ao corpo, mas também a verdadeira alma humana, para que fosse um verdadeiro homem. Pois, estando perdidos tanto a alma como o corpo, Ele devia tomar ambos para salvá-los.
Por isso, confessamos
(contra a heresia dos anabatistas que negam que Cristo tomou a natureza de sua
mãe), que Cristo participou do sangue e da carne dos filhos de Deus (Hebreus
2:14); que Ele, "segundo a carne, veio da descendência de Davi"
(Romanos 1:3); fruto do ventre de Maria (Lucas 1:42); nascido de uma mulher
(Gálatas 4:4); rebento de Davi (Jeremias 33:15; Atos 2:30); renovo da raiz de
Jessé (Isaías 11:1); brotado de Judá (Hebreus 7:14); descendente dos judeus,
segundo a carne (Romanos 9:5); da descendência de Abraão6, tornando-se
semelhante aos irmãos em tudo, mas sem pecado (Hebreus 2:16,17; 4:15).
Assim Ele é, na verdade,
nosso Emanuel, isto é: Deus conosco (Mateus 1:23).
1 Gn 26:4; II Sm 7:12-16; Sl 132:11; Lc
1:55; At 13:23. 2 Gl 4:4. 3 I Tm 2:5; I Tm 3:16; Hb 2:14. 4 II Co 5:21; Hb
7:26; I Pe 2:22. 5
Mt 1:18; Lc 1:35. 6 Gl 3:16.
ARTIGO 19
AS DUAS NATUREZAS DE CRISTO
AS DUAS NATUREZAS DE CRISTO
Cremos que, por esta concepção, a pessoa do Filho está unida e conjugada inseparavelmente, com a natureza humana1. Não há, então, dois filhos de Deus, nem duas pessoas, mas duas naturezas, unidas numa só pessoa, mantendo cada uma delas suas características distintas. A natureza divina permaneceu não criada, sem início, nem fim de vida (Hebreus 7:3), preenchendo céu e terra2. Do mesmo modo a natureza humane não perdeu suas características, mas permaneceu criatura, tendo início, sendo uma natureza finita e mantendo tudo o que é próprio de um verdadeiro corpo3. E ainda que, por meio da sua ressurreição, Cristo tenha concedido imortalidade a sua natureza humana, Ele não transformou a realidade da mesma4, pois nossa salvação e ressurreição dependem também da realidade de seu corpo5.
Estas duas naturezas,
porém, estão unidas numa só pessoa de tal maneira que nem por sua morte foram
separadas. Ao morrer, Ele entregou, então, nas mãos de seu Pai um verdadeiro
Espírito humano, que saiu de seu corpo6, entretanto, a natureza divina sempre
continuou unida a humana, mesmo quando Ele jazia no sepulcro7. A divindade não
cessou de estar n'Ele, assim como estava n'Ele quando era criança, embora, por
algum tempo, não se tivesse manifestado.
Por isso, confessamos que
Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem: verdadeiro Deus a fim de vencer a
morte por seu poder; verdadeiro homem a fim de morrer por nós na fraqueza de
sua carne.
1 Jo 1:14; Jo 10:30; Rm 9:5; Fp 2:6,7. 2
Mt 28:20. 3 I Tm 2:5. 4 Mt 26:11; Lc 24:39; Jo 20:25; At 1:3,11; At 3:21; Hb
2:9. 5 I Co 15:21; Fp
3:21. 6 Mt 27:50. 7 Rm 1:4.
ARTIGO 20
A JUSTIÇA E A MISERICÓRDIA DE DEUS EM CRISTO
A JUSTIÇA E A MISERICÓRDIA DE DEUS EM CRISTO
Cremos que Deus, perfeitamente misericordioso e justo, enviou seu Filho para assumir a natureza humane em que foi cometida a desobediência l. Nesta natureza, Ele satisfez a Deus, carregando o castigo pelos pecados, através de seu mui amargo sofrimento e morte2. Assim Deus provou sua justiça sobre seu Filho, quando carregou sobre Ele nossos pecados3 e derramou sua bondade e misericórdia sobre nós, culpados e dignos da condenação. Por amor perfeitíssimo, Ele entregou seu Filho à morte, por nós, e O ressuscitou para nossa justificação4, a fim de que, por Ele, tivéssemos a imortalidade e a vida eterna.
1 Rm 8:3. 2 Hb 2:14. 3 Rm 3:25,26; Rm
8:32. 4 Rm 4:25.
ARTIGO 21
A SATISFAÇÃO POR CRISTO
A SATISFAÇÃO POR CRISTO
Cremos que Jesus Cristo é um eterno Sumo Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, o que Deus confirmou por juramento l. Perante seu Pai e para apaziguar-Lhe a ira, Ele se apresentou em nosso nome, por satisfação própria2, sacrificando-se a si mesmo e derramando seu precioso sangue, para purificação dos nossos pecados3, conforme os profetas predisseram4.
Pois, está escrito que
"o castigo que nos traz a paz estava sobre” o Filho de Deus e que
"pelas suas pisaduras fomos sarados"5; "como cordeiro foi levado
ao matadouro"; "foi contado com os transgressores"6 (Isaías 53:
5,7,12); e como criminoso foi condenado por Pôncio Pilatos embora este o
tivesse declarado inocente7. Assim, então, restituiu o que não tinha furtado
(Salmo 69:4), e sofreu, "o justo pelos injustos"8 (I Pedro 3:18),
tanto no seu corpo como na sua alma9, de maneira que sentiu o terrível castigo
que os nossos pecados mereceram. Assim "o seu suor se tornou como gotas de
sangue caindo sobre a terra” (Lucas 22:44). Ele "clamou em alta voz: Deus
meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mateus 27:46) e padeceu tudo
para a remissão dos nossos pecados.
Por isso, dizemos, com
razão, junto com Paulo que não sabemos outra coisa, "senão Jesus Cristo, e
este crucificado" (1Corlntios 2:2). Consideramos "tudo como perda por
causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus", nosso Senhor
(Filipenses 3:8). Encontramos toda consolação em seus ferimentos e não
precisamos buscar ou inventar qualquer outro meio para nos reconciliarmos com
Deus, "porque com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão
sendo santificados" 10 (Hebreus 10:14). Por isso, o anjo de Deus O chamou
Jesus, quer dizer: Salvador, porque ia salvar "o seu povo dos pecados
deles" 11 (Mateus 1:21).
1 Sl 110:4; Hb 7:15-17. 2 Rm 4:25; Rm 5:
8-9; Rm 8:32; Gl 3:13; Cl 2:14; Hb 2:9,17; Hb 9:11-15. 3 At 2:23; Fp 2:8; I Tm
1:15; Hb 9:22; I Pe 1:18,19; 1Jo 1:7; Ap 7:14. 4 Lc 24:25-27; Rm 3:21; I Co
15:3. 5 I Pe 2:24. 6 Mc
15:28. 7 Jo 18:38. 8 Rm 5:6. 9 Sl 22:15. 10 Hb 7:26-28; Hb 9:24-28. 11 Lc 1:31;
At 4:12.
ARTIGO 22
A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ EM CRISTO
A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ EM CRISTO
Cremos que, para obtermos verdadeiro conhecimento desse grande mistério, o Espírito Santo acende, em nosso coração, verdadeira fé1. Esta fé abraça Jesus Cristo com todos os seus méritos, apropria-se d'Ele e nada mais busca fora dEle2. Pois das duas, uma: ou não se ache em Jesus Cristo tudo o que é necessário para nossa salvação, ou tudo se acha n'Ele, e, então, aquele que possui Jesus Cristo pela fé, tem a salvação completa3. Dizer porém que Cristo não é suficiente, mas que, além d'Ele, algo mais é necessário, significaria uma blasfêmia horrível. Pois Cristo seria apenas um salvador incompleto.
Por isso, dizemos, com
razão, junto com o apóstolo Paulo, que somos justificados somente pela fé, ou
pela fé sem as obras4 (Romanos 3:28). Entretanto, não entendemos isto como se a
própria fé nos justificasse5, mas ela é somente o instrumento com que abraçamos
Cristo, nossa justiça. Mas Jesus Cristo, atribuindo-nos todos os seus méritos e
tantas obras santas, que fez por nós e em nosso 1ugar, é nossa justiça6. E a fé
é o instrumento que nos mantém com Ele na comunhão de todos os seus benefícios.
Estes, uma vez dados a nós, são mais que suficientes para nos absolver dos pecados.
1 Jo 16:14; I Co 2:12; Ef 1:17,18. 2 Jo
14:6; At 4:12; Gl 2:21. 3 Sl 32:1; Mt 1:21; Lc 1: 77; At 13:38,39; Rm 8:1. 4 Rm
3:19-4:8; Rm 10:4-11; Gl 2:16; Fp 3:9; Tt 3:5. 5 1Co 4:7. 6 Jr 23:6; Mt 20:28;
Rm 8:33; I Co 1:30,31; II Co 5:21; I Jo 4:10.
ARTIGO 23
NOSSA JUSTIÇA PERANTE DEUS EM CRISTO
Cremos que nossa verdadeira felicidade consiste no perdão dos pecados, por causa de Jesus Cristo, e que isto significa para nós a justiça perante Deus l. Assim nos ensinam Davi e Paulo, declarando: "Bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras" (Romanos 4:6; Salmo 32:2). E o mesmo apóstolo diz que somos "justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus"2 (Romanos 3: 24).
Portanto, perseveramos
neste fundamento, dando toda a glória a Deus3, humilhando-nos e reconhecendo
que nós, homens, somos maus. Não nos vangloriamos, de nenhuma maneira, de nós
mesmos ou de nossos méritos4. Somente nos apoiamos e repousamos na obediência
do Cristo crucificado5. Esta obediência é nossa se cremos nEle6. Ela é
suficiente para cobrir todas as nossas iniquidades. Ela liberta nossa
consciência de temor, perplexidade e espanto e, assim, nos dá ousadia de
aproximarmo-nos de Deus, sem fazermos como nosso primeiro pai Adão que,
tremendo, quis cobrir-se com folhas de figueira7. E, certamente, se tivéssemos
que comparecer perante Deus, apoiando-nos, por pouco que fosse, em nós mesmos
ou em qualquer outra criatura - ai de nós -, pereceríamos8. Por isso, cada um
deve dizer com Davi: "Ó Senhor, não entres em juízo com o teu servo,
porque a tua vista não há justo nenhum vivente" (Salmo 143:2).
1 I Jo 2:1. 2 II Co 5:18,19; Ef 2:8; I Tm
2:6. 3 Sl 115:1; Ap 7:10-12. 4 1Co 4:4; Tg 2:10. 5 At 4:12; Hb 10:20. 6 Rm
4:23-25. 7 Gn 3:7; Sf 3:11; Hb 4:16; 1Jo 4:17-19. 8 Lc 16:. 15; Fp 3:4-9.
ARTIGO 24
A SANTIFICAÇÃO
Cremos que a verdadeira fé, tendo sido acesa no homem pelo ouvir da Palavra de Deus e pela obra do Espírito Santo l, regenera o homem e o torna um homem novo2. Esta verdadeira fé o faz viver na vida nova e o liberta da escravidão do pecado3.
Por isso, é impossível que
esta fé justificadora leve os homens a se descuidarem da vida piedosa e santa4.
Pelo contrário, sem esta fé jamais farão alguma coisa por amor a Deus5, mas
somente por amor a si mesmos e por medo de serem condenados. É impossível,
portanto, que esta fé permaneça no homem sem frutos. Pois, não falamos de uma
fé vã, mas da fé, de que a Escritura diz que "atua pelo amor"
(Gálatas 5:6). Ela move o homem a exercitar-se nas obras que Deus mandou na sua
Palavra. Estas obras, se procedem da boa raiz da fé; são boas e agradáveis a
Deus, porque todas elas são santificadas por sua graça.
Entretanto, elas não são
levadas em conta para nos justificar. Porque é pela fé em Cristo que somos
justificados, mesmo antes de fazermos boas obras6. De outro modo, estas obras
não poderiam ser boas, assim como o fruto da árvore não pode ser bom, se a
árvore não for boa7.
Então, fazemos boas obras,
mas não para merecermos algo. Pois, que mérito poderíamos ter? Antes, somos
devedores a Deus pelas boas obras que fazemos e não Ele a nós8. Pois,
"Deus e quem efetua em" nós "tanto o querer como o realizar,
segundo sua boa vontade" (Filipenses 2:13). Então, levemos a sério o que
está escrito: "Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi
ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos
fazer" (Lucas 17:10). Contudo, não queremos negar que Deus recompensa as
boas obras9; mas, por sua graça, Ele coroa seus próprios dons.
E, em seguida, mesmo que
façamos boas obras, nelas não fundamentamos nossa salvação. Porque, por sermos
pecadores, não podemos fazer obra alguma que não esteja contaminada e não
mereça ser castigadal0. E, ainda que pudéssemos produzir uma só boa obra, a
lembrança de um só pecado bastaria para torná-la rejeitável perante Deus ll.
Assim, sempre duvidaríamos, levados de um lado para o outro, sem certeza
alguma, e nossa pobre consciência estaria sempre aflita, a não ser que se
apoiasse no mérito do sofrimento e da morte de nosso Salvadorl2.
1 At 16:14; Rm 10:17; 1Co 12:3. 2 Ez 36:26, 27; Jo 1:12,13; Jo 3:5; Ef
2:4-6; Tt 3:5; I Pe 1:23. 3 Jo 5:24; Jo 8:36; Rm 6:4-6; I Jo 3:9. 4
Gl 5:22; Tt 2:12. 5 Jo 15:5; Rm 14: 23; I Tm 1:5; Hb 11:4,6. 6 Rm 4:5. 7 Mt
7:17. 8 I Co 1:30: I Co 4:7; Ef 2:10. 9 Rm 2:6,7; I Co 3:14; II Jo :8; Ap 2:23.
10 Rm 7:21. 11
Tg 2:10. 12 Hc 2:4; Mt 11:28; Rm 10:11.
ARTIGO 25
CRISTO, O CUMPRIMENTO DA LEI
CRISTO, O CUMPRIMENTO DA LEI
Cremos que as cerimônias e figuras da lei terminaram com a vinda de Cristo e que, assim, todas as sombras chegaram ao fim l. Por isso, os cristãos não devem mais usá-las. Contudo, para nós, sua verdade e substância permanecem em Cristo Jesus, em quem têm seu cumprimento2.
Entretanto, ainda usamos
os testemunhos da Lei e dos Profetas para confirmarmo-nos no Evangelho e,
também, para regularmos nossa vida em toda honestidade, para a glória de Deus,
conforme sua vontade3.
1 Mt 27:51; Rm 10:4; Hb 9:9,10. 2 Mt 5:7;
Gl 3:24; Cl 2:17. 3
Rm 13:8-10; Rm 15:4; II Pe 1:19; II Pe 3:2.
ARTIGO 26
CRISTO, NOSSO ÚNICO ADVOGADO
CRISTO, NOSSO ÚNICO ADVOGADO
Cremos que nenhum acesso temos a Deus, senão pelo único Mediador l e Advogado Jesus Cristo, o Justo2. Porque Ele se tornou homem e uniu as naturezas divina e humana, para que nós, homens, tivéssemos acesso à majestade divina3. De outro modo, nenhum acesso teríamos. Mas este Mediador que o Pai constituiu entre Ele e nós, não nos deve assustar por sua grandeza, a ponto de fazer-nos procurar outro, conforme nossa própria vontade. Porque não há ninguém , nem no céu, nem na terra, entre as criaturas, que nos ame mais que Jesus Cristo4. "Pois ele, subsistindo em forma de Deus ... a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens" por nós, "em todas as coisas ... semelhante aos irmãos" (Filipenses 2:6,7; Hebreus 2:17).
Agora, se tivéssemos que
buscar outro mediador que nos fosse favorável, quem poderíamos encontrar que
mais nos amasse senão Ele que entregou sua vida por nós, sendo nós ainda
inimigos (Romanos 5:8,10)? E se tivéssemos que buscar alguém que tivesse poder
e estima, quem os teria tanto quanto Ele que está sentado à direita de seu
Pai5, e que tem "toda a autoridade... no céu e na terra" (Mateus
28:18)? E quem será ouvido antes do que o próprio bem-amado Filho de Deus6?
Foi, então, somente falta
de confiança que levou os homens ao costume de desonrar os santos em vez de
honrá-los. Pois fazem o que estes santos jamais fizeram ou desejaram mas sempre
rejeitaram conforme era seu dever7, como mostram seus escritos.
Aqui não se deve alegar
que não somos dignos; pois não apresentamos as orações a Deus em razão de nossa
dignidade, mas somente pela excelência e dignidade de nosso Senhor Jesus
Cristo8, cuja justiça é a nossa, mediante a fé9. Por isso, a Escritura nos diz,
querendo tirar de nós esse tolo receio, ou antes, essa falta de confiança, que
Jesus Cristo tornou-se "em todas as coisas... semelhante aos irmãos, para
ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus, e para
fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois naquilo que ele mesmo sofreu,
tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados" (Hebreus
2:17,18). E a Escritura diz também, para animar-nos ainda mais a ir para Ele:
"Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que
entrou nos céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo
sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, antes foi ele
tentado em todas as coisas, a nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos,
portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia
e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna"l0 (Hebreus 4:14-16). A
Escritura diz ainda: "Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo
dos santos, pelo sangue de Jesus... aproximemo-nos... em plena certeza de fé
etc." (Hebreus 10:19-22). E também: Cristo "tem o seu sacerdócio
imutável. Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a
Deus, vivendo sempre para interceder por eles" 11 (Hebreus 7:24,25).
Então, do que precisamos
mais, visto que o próprio Cristo declara: "Eu sou o caminho, e a verdade,
e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14:6)? Por que
buscaríamos outro advogado visto que agradou a Deus nos dar seu Filho como
Advogado? Não O abandonemos para buscar outro que nunca encontraremos. Pois
quando Deus O deu a nós, bem sabia que éramos pecadores.
Por isso, conforme o
mandamento de Cristo, invocamos o Pai celestial mediante Cristo, nosso únicoMediadorl2,
como nos foi ensinado na oração do Senhorl3. E temos a certeza de que o Pai nos
concederá tudo o que Lhe pedirmos em nome de Cristol4 (João 16:23).
1 I Tm 2 5. 2 I Jo 2:1. 3 Ef 3:12. 4 Mt 11: 28; Jo 15:13; Ef 3:19;
I Jo 4:10. 5 Hb 1:3; Hb 8:1. 6 Mt 3:17; Jo 11:42; Ef 1:6. 7 At
10:26; At 14:15. 8 Jr 17:5,7; At 4:12. 9 I Co 1:30. 10 Jo 10:9; Ef 2:18; Hb 9:24. 11 Rm
8:34. 12 Hb 13:15. 13 Mt 6:9-13; Lc 11:2-4. 14 Jo 14:13.
ARTIGO 27
A IGREJA CATÓLICA OU UNIVERSAL
Cremos e confessamos uma só igreja católica ou universal1. Ela é uma santa congregação e assembléia2 dos verdadeiros crentes em Cristo, que esperam toda a sua salvação de Jesus Cristo3, lavados pelo sangue d'Ele, santificados e selados pelo Espírito Santo4.
Esta igreja existe desde o
princípio do mundo e existirá até o fim. Pois, Cristo é um Rei eterno, que não
pode estar sem súditos5. Esta santa igreja é mantida por Deus contra o furor do
mundo inteiro6, mesmo que ela, às vezes, por algum tempo, seja muito pequena e
na opinião dos homens, quase desaparecida7. Assim, Deus guardou para si, na
perigosa época de Acabe, sete mil homens, que não tinham dobrado os joelhos a
Baal8.
Esta santa igreja também
não está situada, fixada ou limitada em certo lugar, ou ligada a certas
pessoas, mas ela está espalhada e dispersa pelo mundo inteiro9. Contudo, está
integrada e unida, de coração e vontade, no mesmo Espírito, pelo poder da fé10.
1 Gn 22:18; Is 49:6; Ef 2:17-19. 2 Sl
111:1; Jo 10:14,16; Ef 4:3-6; Hb 12:22,23. 3 Jl 2: 32; At 2:21. 4 Ef 1:13; Ef
4:30. 5 II Sm 7:16; Sl 89:36; Sl 110:4; Mt 28:18,20; Lc 1:32. 6 Sl 46:5; Mt
16:18. 7 Is 1:9; I Pe 3:20; Ap 11:7. 8 I Rs 19:18; Rm 11:4. 9 Mt 23:8; Jo
4:21-23; Rm 10:12,13. 10 Sl 119:63; At 4:32; Ef 4:4.
ARTIGO
28
O DEVER DE JUNTAR-SE À IGREJA
O DEVER DE JUNTAR-SE À IGREJA
Esta santa assembleia é a congregação daqueles que são salvos, e fora dela não há salvação l. Cremos, então, que ninguém, qualquer que seja a posição ou qualidade, deve viver afastado dela e contentar-se com sua própria pessoa. Mas cada um deve se juntar e se reunir a ela2, mantendo a unidade da igreja, submetendo-se a sua instrução e disciplina3, curvando-se diante do jugo de Jesus Cristo4 e servindo para a edificação dos irmãos5, conforme os dons que Deus concedeu a todos, como membros do mesmo corpo6.
Para observar melhor tudo
isto, o dever de todos os fiéis é, conforme a Palavra de Deus, separar-se
daqueles que não pertencem a igreja7, e juntar-se a esta assembléia8 em todo
lugar onde Deus a tenha estabelecido. Este dever deve ser cumprido, mesmo que
os governos e as leis das autoridades o contrariem e mesmo que a morte ou a
pena corporal sejam a consequência disto9.
Por isso, todos os que se
separam desta igreja ou não se juntam a ela, contrariam a ordem de Deus.
1 Mt 16:18,19; At 2:47; Gl 4:26; Ef
5:25-27; Hb 2:11,12; Hb 12:23. 2 II Cr 30:8; Jo 17:21; Cl 3:15. 3 Hb 13:17. 4
Mt 11:28-30. 5 Ef 4:12. 6 I Co 12:7,27; Ef 4:16. 7 Nm 16:23-26; Is 52:11,12; At
2:40; Rm 16:17; Ap 18:4. 8
Sl 122:1; Is 2:3; Hb 10:25. 9 At 4:19,20.
ARTIGO 29
AS MARCAS DA VERDADEIRA IGREJA,
DE SEUS MEMBROS E DA FALSA IGREJA
Cremos que se deve discernir diligentemente e com muito cuidado, pela Palavra de Deus, qual é a verdadeira igreja, visto que todas as seitas, que atualmente existem no mundo, se chamam igreja, mas sem razão l. Não falamos aqui dos hipócritas que, na igreja, se acham entre os sinceros fiéis; contudo, não pertencem à igreja, embora sejam membros dela2. Mas queremos dizer que se deve distinguir o corpo e a comunhão da verdadeira igreja, de todas as seitas que se dizem igreja.
As marcas para conhecer a
verdadeira igreja são estas: ela mantém a pura pregação do Evangelho3, a pura
administração dos sacramentos4 como Cristo os instituiu, e o exercício da
disciplina eclesiástica para castigar os pecados5. Em resumo: ela se orienta segundo
a pura Palavra de Deus6, rejeitando todo o contrário a esta Palavra7 e
reconhecendo Jesus Cristo como o único Cabeça8. Assim, com certeza, se pode
conhecer a verdadeira igreja; e a ninguém convém separar-se dela.
Aqueles que pertencem à
igreja podem ser conhecidos pelas marcas dos cristãos, a saber: pela fé9 e pelo
fato de que eles, tendo aceitado Jesus Cristo como único Salvador, fogem do
pecado e seguem a justiçal0, amando Deus e seu próximo11, não se desviando para
a direita nem para a esquerda e crucificando a carne, com as obras dela12. Isto
não quer dizer, porém , que eles não têm ainda grande fraqueza, mas, pelo
Espírito, a combatem, em todos os dias de sua vida 13, e sempre recorrem ao
sangue, à morte, ao sofrimento e à obediência do Senhor Jesus. n'Ele eles têm a
remissão dos pecados, pela fél4.
Quanto à falsa igreja, ela
atribui mais poder e autoridade a si mesma e a seus regulamentos do que à
Palavra de Deus e não quer submeter-se ao jugo de Cristo15. Ela não administra
os sacramentos como Cristo ordenou em sua Palavra, mas acrescenta ou elimina o
que lhe convém. Ela se baseia mais nos homens que em Cristo. Ela persegue
aqueles que vivem de maneira santa, conforme a Palavra de Deus, e que lhe
repreendem os pecados, a avareza e a idolatria16.
É fácil conhecer estas
duas igrejas e distingui-las uma da outra.
1 Ap 2:9. 2 Rm 9:6. 3 Gl 1:8; I Tm 3:15. 4
At 19:3-5; I Co 11:20-29. 5 Mt 18:15-17; I Co 5:4,5,13; II Ts 3:6,14; Tt 3:10.
6 Jo 8:47; Jo 17:20; At 17:11; Ef 2:20; Cl 1:23; I Tm 6:3. 7 I Ts 5:21; lTm
6:20; Ap 2:6. 8 Jo 10:14; Ef 5:23; C1 1:18. 9 Jo 1:12; I Jo 4:2. 10 Rm 6:2; Fp
3:12. 11 I Jo 4:19-21. 12
Gl 5:24. 13 Rm 7:15; G1 5:17. 14 Rm 7:24,25; 1Jo 1: 7-9. 15 At 4:17,18; II Tm
4:3,4; II Jo :9. 16 Jo 16:2.
ARTIGO 30
O GOVERNO DA IGREJA
O GOVERNO DA IGREJA
Cremos que esta verdadeira igreja deve ser governada conforme a ordem espiritual, que nosso Senhor nos ensinou na sua Palavra1. Deve haver ministros ou pastores para pregarem a Palavra de Deus e administrarem os sacramentos2; deve haver também presbíteros3 e diaconos4 para formarem, com os pastores, o conselho da igreja5. Assim, eles devem manter a verdadeira religião e fazer com que a verdadeira doutrina seja propagada, que os transgressores sejam castigados e contidos, de forma espiritual, e que os pobres e os aflitos recebam ajuda e consolação, conforme necessitam6.
Desta maneira, tudo
procederá, na igreja, em boa ordem, quando forem eleitas pessoas fiéis7,
conforme a regra do apóstolo Paulo na carta a Timóteo8.
1 At 20:28; Ef 4:11,12; I Tm 3:15; Hb
13:20, 21. 2 Lc 1:2; Lc 10:16; Jo 20:23; Rm 10:14; I Co 4:1; II Co 5:19,20; II Tm
4:2. 3 At 14:23; Tt 1:5.
4 I Tm 3:8-10. 5 Fp 1:1; I Tm 4:14. 6 At 6:1-4; Tt 1:7-9. 7 I Co 4:2. 8 I Tm 3.
ARTIGO 31
OS OFÍCIOS NA IGREJA
Cremos que os ministros da palavra de Deus, os presbíteros e os diáconos devem ser escolhidos para seus ofícios.mediante eleição legítima pela igreja, sob invocação do nome de Deus e em boa ordem, conforme a palavra de Deus ensina.
Por isso, cada membro deve
cuidar para não se apoderar do ofício por meios ilícitos, mas deve esperar a
hora em que é chamado por Deus, a fim de ter, assim, a certeza de que sua
vocação vem do Senhor2.
Quanto aos ministros da
Palavra, eles têm, onde quer que estejam, igual poder e autoridade, porque
todos são servos de Jesus Cristo3, o único Bispo universal e o único Cabeça da
igreja4.
Além disto, a santa ordem
de Deus não pode ser violada ou desprezada. Dizemos, portanto, que cada um deve
ter respeito especial pelos ministros da Palavra e presbíteros da igreja, em
razão do trabalho que realizam5. Cada um deve viver em paz com eles, tanto
quanto possível, sem murmuração, contenda ou discórdia.
1 At 1:23,24; At 6:2,3. 2 At 13:2; I Co
12: 28; I Tm 4:14; I Tm 5:22; Hb 5:4. 3 2Co 5:20; I Pe 5:1-4. 4 Mt 23:8,10; Ef 1:22; Ef 5:23. 5 I Ts
5:12,13; I Tm 5:17; Hb 13:17.
ARTIGO 32
A ORDEM E A DISCIPLINA DA IGREJA
A ORDEM E A DISCIPLINA DA IGREJA
Cremos que os que governam a igreja devem cuidar para não se desviarem do que Cristo, nosso único Mestre, nos ordenou1; embora seja útil e bom que, entre eles, se estabeleça e conserve determinada ordem para manter o corpo da igreja.
Por isso, rejeitamos todas
as invenções humanas e todas as leis que se queiram introduzir para servir a
Deus, mas que venham, de qualquer maneira, comprometer e constranger a
consciência2. Aceitamos, então, somente o que serve para promover e guardar a
concórdia e a unidade e para manter tudo na obediência a Deus3.
Esta ordem (caso
desobedecida exige a excomunhão), feita conforme a Palavra de Deus, com todas
as suas conseqüências4.
1 1Tm 3:15. 2 Is 29:13; Mt 15:9; Gl 5:1. 3
1Co 14:33. 4 Mt 16:19; Mt 18:15-18; Rm 16:17; 1Co 5; 1Tm 1:20.
ARTIGO 33
OS SACRAMENTOS
Cremos que nosso bom Deus, atento à nossa ignorância e fraqueza, instituiu os sacramentos, a fim de nos selar suas promessas e nos conceder penhores de sua benevolência e graça para conosco e, também, alimentar e sustentar nossa fé1. Ele acrescentou os sacramentos à palavra do Evangelho2 para melhor apresentar aos nossos sentidos tanto o que Ele nos declara por sua Palavra, como o que Ele opera em nossos corações.
Assim, Ele confirma a
salvação de que nos fez participar. Pois os sacramentos são visíveis sinais e
selos de uma realidade interna e invisível. Através deles, Deus opera em nós,
pelo poder do Espírito Santo3. Por isso, os sinais não são vãos nem vazios para
nos enganar, porque Jesus Cristo é a verdade deles e, sem Ele, nada seriam.
Além disto, nos
contentamos com o número dos sacramentos que Cristo, nosso Mestre, instituiu e
que não são mais de dois: o sacramento do batismo4 e o da santa ceia de Jesus
Cristo5.
1 Gn 17:9-14; Êx 12; Rm 4:11. 2 Mt 28:19;
Ef 5:26. 3 Rm 2:28,29; Cl 2:11,12. 4 Mt 28:19. 5 Mt 26:26-28; 1Co 11:23-26.
ARTIGO 34
O SANTO BATISMO
O SANTO BATISMO
Cremos e confessamos que Jesus Cristo, o qual é "o fim da lei" (Romanos 10:4), derramando seu sangue, acabou com qualquer outro derramamento de sangue, que se possa ou queira realizar para reconciliação dos pecados. Tendo abolido a circuncisão, que se praticava com sangue, Ele instituiu, em lugar dela, o sacramento do batismo [1].
Pelo batismo somos recebidos
na igreja de Deus e separados de todos os outros povos e outras religiões para
pertencermos totalmente a Ele [2], tendo sua marca e estandarte. O batismo nos
serve para testemunhar que Ele eternamente será nosso Deus e misericordioso
Pai.
Por isso, Cristo mandou
batizar todos os seus "em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo"
(Mateus 28:19), somente com água. Desta forma Ele nos dá a entender que assim
como a água tira a impureza do corpo, quando derramada em nós, e também assim
como a água é vista no corpo de quem recebe o batismo, assim o sangue de
Cristo, através do Espírito Santo [3], lava a alma, purificando-a dos pecados
[4], e faz com que nós, filhos da ira nasçamos de novo para sermos filhos de
Deus [5].
Porém, não somos
purificados de nossos pecados pela água do batismo6, mas pela aspersão com o
precioso sangue do Filho de Deus [7]. Ele é nosso Mar Vermelho [8], que devemos
atravessar para escapar da tirania de Faraó - que é o diabo - e para entrar na
Canaã espiritual.
Os ministros, por sua
parte, nos administram somente o sacramento, que é visível, mas nosso Senhor
nos concede o que o sacramento significa, a saber: os dons invisíveis da graça.
Ele lava nossa alma, purificando-a e limpando-a de todas as impurezas e iniquidades
[9]. Ele renova nosso coração, enchendo-o de toda a consolação, e nos dá a
verdadeira certeza de sua bondade paternal. Ele nos reveste do novo homem,
despindo-nos do velho com todas as suas obras [10].
Por isso, cremos que quem
quer entrar na vida eterna, deve ser batizado só uma vez [11]. O batismo não
pode ser repetido, porque também não podemos nascer duas vezes e porque este
batismo tem utilidade não somente no momento de recebê-lo, mas durante a vida
inteira.
Rejeitamos, portanto, o
erro dos anabatistas, que não se contentam com o batismo que uma vez receberam
e que, além disto, condenam o batismo dos filhos pequenos dos crentes. Nós
cremos, porém, que eles devem ser batizados e, com o sinal da aliança, devem
ser selados, assim como as crianças em Israel eram circuncidadas com base nas
mesmas promessas que foram feitas a nossos filhos [12]. Cristo, de fato,
derramou seu sangue para lavar, igualmente, as crianças dos fiéis e os adultos
[13]. Por isso, elas devem receber o sinal e o sacramento da obra que Cristo
fez para elas, como o Senhor, outrora, na lei, determinava que as crianças participassem,
pouco depois do seu nascimento, do sacramento do sofrimento e da morte de
Cristo, através da oferta de um cordeiro [14], que era um sacramento de Jesus
Cristo.
Além disto, o batismo tem,
para nossos filhos, o mesmo efeito que a circuncisão tinha para o povo judeu. É
por esta razão que o apóstolo Paulo chama ao batismo: "a circuncisão de
Cristo" (Colossenses 2:11).
1 - Cl
2:11. 2 - Êx 12:48; I Pe 2:9. 3
- Mt 3:11; I Co
12:13. 4 - At 22:16; Hb 9:14; I Jo 1:7; Ap 1:5b. 5
- Tt 3:5. 6
– I Pe 3:21. 7 - Rm 6:3; I Pe 1:2; I Pe 2:24. 8
– I Co 10:1-4. 9
– I Co 6:11: Ef
5:26. 10 - Rm 6:4; Gl 3:27. 11
- Mt 28:19; Ef 4:5. 12 Gn 17: 10-12; Mt 19:14; At 2:39. 13 I Co 7:14. 14 Lv 12:6.
ARTIGO 35
A SANTA CEIA
A SANTA CEIA
Cremos e confessamos que nosso Salvador Jesus Cristo ordenou e instituiu o sacramento da santa ceia [1], a fim de alimentar e sustentar aqueles que Ele já fez nascer de novo e incorporou à sua família, que é a sua igreja.
Agora, aqueles que
nasceram de novo têm duas vidas diferentes [2]. Uma é corporal e temporária:
eles a trouxeram de seu primeiro nascimento e todos os homens a tem. A outra é
espiritual e celestial: ela lhes é dada no segundo nascimento que se realiza
pela palavra do Evangelho [3], na comunhão com o corpo de Cristo. Esta vida
apenas os eleitos de Deus possuem. Assim Deus ordenou para a manutenção da vida
corporal e terrestre, pão comum, terrestre, que todos recebem como recebem a
vida.
Porém, a fim de manter a
vida espiritual e celestial, que os crentes possuem, Ele lhes enviou um
"pão vivo, que desceu do céu" (João 6:51) , isto é, Jesus Cristo [4].
Ele alimenta e mantém a vida espiritual dos crentes [5] quando é comido, quer
dizer: aceito espiritualmente e recebido pela fé [6].
A fim de nos figurar este
pão espiritual e celestial, Cristo ordenou um pão terrestre e visível como
sacramento de seu corpo e o vinho como sacramento de seu sangue [7]. Com eles
nos assegura: tão certo como recebemos o sacramento e o temos em nossas mãos e
o comemos e bebemos com nossa boca, para manter nossa vida, tão certo recebemos
em nossa alma pela fé [8] - que é a mão e a boca da nossa alma -, o verdadeiro
corpo e o verdadeiro sangue de Cristo, nosso único Salvador, para manter nossa
vida espiritual.
Agora, há certeza absoluta
de que Jesus Cristo não nos ordenou seus sacramentos a toa. Então, Ele realiza
em nós tudo o que nos apresenta por estes santos sinais, embora de maneira além
da nossa compreensão, como também a ação do Espírito Santo é oculta e
incompreensível [9].
Entretanto, não nos
enganamos, dizendo que, o que comemos e bebemos, é o próprio corpo natural e o
próprio sangue de Cristo. Porém, a forma pela qual os tomamos não é pela boca,
mas, espiritual, pela fé. Desta maneira, Jesus Cristo permanece sentado à
direita de Deus, seu Pai, no céu [10] e, contudo, Ele se comunica a nós pela
fé. Nesta ceia festiva e espiritual, Cristo nos faz participar de si mesmo com
todas as suas riquezas e dons e deixa-nos usufruir tanto de si mesmo como dos
méritos de seu sofrimento e morte [11]. Ele alimenta, fortalece e consola nossa
pobre alma desolada pelo comer de seu corpo, e a reanima e renova pelo beber de
seu sangue.
Depois, embora os
sacramentos estejam unidos com a realidade da qual são um sinal, nem todos
recebem ambos [12]. O ímpio recebe, sim, o sacramento, para sua condenação, mas
não a verdade do sacramento, como Judas e Simão, o Mago: ambos receberam o
sacramento, mas não a Cristo que por este é figurado [13]. Porque somente os
crentes participam d'Ele [14].
Finalmente, recebemos na
congregação do povo de Deus [15] este santo sacramento com humildade e
reverência. Assim comemoramos juntos, com ações de graça, a morte de Cristo,
nosso Salvador, e fazemos confissão da nossa fé e da religião cristã [16]. Por
isto, ninguém deve participar da ceia antes de ter-se examinado a si mesmo, da
maneira certa, para, enquanto comer e beber, não comer e beber juízo para si (I
Coríntios 11:28,29). Em resumo, somos movidos, pelo uso deste santo sacramento,
a um ardente amor para com Deus e nosso próximo.
Por esta razão rejeitamos
como profanação dos sacramentos todos os acréscimos e abomináveis invenções que
o homem introduziu neles e misturou com eles. E declaramos que se deve
contentar com a ordenação que Cristo e seus apóstolos nos ensinaram e falar
sobre os sacramentos conforme eles falaram.
1 - Mt
26:26-28; Mc 14:22-24; Lc 22:19,20; I Co 11:23-26. 2 - Jo 3:5,6. 3
- Jo 5:25. 4
- Jo 6:48-51. 5 -Jo 6:63; Jo 10:10b. 6
- Jo 6:40,47. 7
- Jo 6:55; I Co
10:16. 8 - Ef 3:17. 9
- Jo 3:8. 10
- Mc 16:19; At
3:21. 11 -
Rm 8:32; I Co 10:3,4. 12 – I Co 2:14. 13
- Lc 22:21,22; At
8:13,21. 14 - Jo 3:36. 15
- At 2:42; At
20:7. 16 - At 2:46; I Co 11:26.
ARTIGO 36
O OFÍCIO DAS AUTORIDADES CIVIS
Cremos que nosso bom Deus,
por causa da perversidade do gênero humano, constituiu reis, governos e
autoridades [1]. Ele quer que o mundo seja governado por leis e códigos [2],
para que a indisciplina dos homens seja contida e tudo ocorra entre eles em boa
ordem [3]. Para este fim Ele forneceu às autoridades a espada para castigar os
maus e proteger os bons (Romanos 13:4).
Seu ofício não é apenas
cuidar da ordem pública e zelar por ela, mas também proteger o santo ministério
da igreja a fim de * promover o reino de Jesus Cristo e a pregação da Palavra
do Evangelho em todo lugar [4], para que Deus seja honrado e servido por todos,
como Ele ordena na sua Palavra.
Depois, cada um, em
qualquer posição que esteja, tem a obrigação de submeter-se às autoridades, pagar
impostos, render-lhes honra e respeito, obedecer-lhes [5] em tudo o que não
contraria a Palavra de Deus [6], e orar em favor delas para que Deus as guie em
todos os seus caminhos, "para que vivamos vida tranquila e mansa com toda
piedade e respeito" (I Timóteo 2:2).
Neste assunto rejeitamos
os anabatistas e outros revolucionários e em geral todos os que se opõem às
autoridades e aos magistrados, e querem derrubar a ordem judicial [7],
introduzindo a comunhão de bens, e que abalam os bons costumes que Deus
estabeleceu entre as pessoas.
1 Pv 8:15; Dn 2:21; Jo 19:11; Rm 13:1.2 Êx
18:20. 3 Dt 1:16; Dt 16:19; Jz 21:25; Sl 82; Jr 21:12; Jr 22:3; I Pe 2:13,14. 4
Sl 2; Rm 13:4a; I Tm 2:1-4. 5 Mt 17:27; Mt 22:21; Rm 13:7; Tt 3:1; I Pe 2:17. 6
At 4:19; At 5:29. 7
II Pe 2:10; Jd :8.
* Originalmente o texto incluía aqui as seguintes palavras:
"...impedir e exterminar toda idolatria e falso culto a Deus, destruir o
reino do anticristo e ...".
ARTIGO 37
O JUÍZO FINAL
O JUÍZO FINAL
Finalmente, cremos
conforme a palavra de Deus que, quando chegar o momento determinado pelo Senhor
[1] - o qual todas as criaturas desconhecem -, e o número dos eleitos estiver
completo [2], nosso Senhor Jesus Cristo virá do céu, corporal e visivelmente
[3], assim como subiu ao céu (Atos 1:11), com grande glória e majestade [4].
Ele se manifestará Juiz sobre vivos e mortos [5], enquanto porá em fogo e
chamas este velho mundo para purificá-lo [6].
Naquele momento
comparecerão perante este grande Juiz, pessoalmente, todas as pessoas que
viveram neste mundo [7]: homens, mulheres e crianças, citados pela voz do
arcanjo e pelo som da trombeta divina (1Tessalonicenses 4:16). Porque todos os
mortos ressuscitarão da terra [8] e as almas serão reunidas aos seus próprios
corpos em que viveram. E a respeito daqueles que ainda estiverem vivos: eles
não morrerão como os outros, mas serão transformados num só momento. De
corruptíveis se tornarão incorruptíveis [9].
Então, se abrirão os
livros e os mortos serão julgados (Apocalipse 20:12), segundo o que tiverem
feito neste mundo, seja o bem ou o mal [10] (2Coríntios 5:10). Sim, "de
toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta" (Mateus
12:36), mesmo que o mundo a considere apenas brincadeira e passatempo. Assim
será trazido à luz diante de todos o que os homens praticaram às escondidas,
inclusive sua hipocrisia.
Portanto, pensar neste
juízo e realmente horrível e pavoroso para os homens maus e ímpios [11], mas
muito desejável e consolador para os justos e eleitos. A salvação destes será
totalmente completada e eles receberão os frutos de seu penoso labor [12]. Sua
inocência será reconhecida por todos e eles presenciarão a vingança terrível de
Deus contra os ímpios, que os tiranizaram, oprimiram e atormentaram neste mundo
[13]. Os ímpios serão levados a reconhecer sua culpa pelo testemunho da própria
consciência. Eles se tornarão imortais, mas somente para serem atormentados no
"fogo eterno [14], preparado para o diabo e seus anjos" [15] (Mateus
25:41).
Os crentes e eleitos,
porém, serão coroados com glória e honra. O Filho de Deus confessará seus nomes
diante de Deus, seu Pai (Mateus 10:32), e seus anjos eleitos [16] e Deus
"lhes enxugará dos olhos toda lagrima" [17] (Apocalipse 21:4). Assim
ficará manifesto que a causa deles, que agora por muitos juízes e autoridades
está sendo condenada como herética e ímpia, é a causa do Filho de Deus. E, como
recompensa gratuita, o Senhor os fará possuir a glória que jamais poderia
surgir no coração de um homem [18].
Por isso, esperamos este
grande dia com grande anseio para usufruirmos plenamente das promessas de Deus
em Jesus Cristo, nosso Senhor.
1 Mt 24:36; Mt 25:13; I Ts 5:1,2. 2 Hb 11.
39,40; Ap 6:11. 3 Ap 1:7. 4 Mt 24:30; Mt 25: 31. 5 Mt 25:31-46; II Tm 4:1; I Pe
4:5. 6 II Pe 3:10-13. 7 Dt 7:9-11; Ap 20:12,13. 8 Dn 12: 2; Jo 5:28,29. 9 I Co
15:51,52; Fp 3:20,21. 10 Hb 9:27; Ap 22:12. 11 Mt 11:22; Mt 23: 33; Rm 2:5,6;
Hb 10:27; II Pe 2:9; Jd :15; Ap 14:7a. 12 Lc 14:14; II Ts 1:3-10; I Jo 4:17. 13
Ap 15:4; Ap 18:20. 14 Mt 13:41,42; Mc 9:48; Lc 16:23-28; Ap 21:8. 15 Ap 20:10. 16 Ap 3:5. 17 Is 25:8; Ap 7:17. 18 Dn
12: 3; Mt 5:12; Mt 13:43; I Co 2:9; Ap 21:9-22:5.
SOMENTE A DEUS SEJA DADA A GLÓRIA!!!
EUSÉBIO DE CESARÉIA (260-340)
Um dos pais da Igreja mais
amplamente estudados é Eusébio de Cesaréia, merecedor do título de pai da
História da Igrejaquanto Heródoto o é do título de pai da História. Depois de
receber uma boa instrução por parte de Panfílio em Cesaréia, ajudou a amigo a
organizar sua biblioteca nessa cidade. Eusébio era estudante interessado e lia
tudo o que pudesse ajudar em suas pesquisas. Ele se serviu tanto da literatura
profana quando da sacra.
A Personalidade de Eusébio era
adequado aos seus alvos de erudição. Tinha um espírito refinado e cordato e
detestava querelas suscitadas pelas heresia ariana. Tomou um lugar de honra ao
lado de Constantino no Concílio de Nicéia e, como ele, preferiu uma solução de
reconciliação entre os partidos de Atanásio e Ário. Foi o Credo de Cesaréia,
escrito por Eusébio de Cesaréia, que o Concílio de Nicéia modificou e aceitou.
Sua maior obra literária é a
História Eclesiástica, um panorama da história da Igreja dos tempos apostólicos
até 324. Seu propósito era fazer um relato das dificuldades passadas da Igreja,
ao fim desse longo período de luta e começo de uma história de prosperidade. A
obra continua sendo útil até hoje, uma vez que Eusébio teve acesso à excelente
biblioteca de Cesaréia e dos arquivos imperiais.
Eusébio é até hoje nossa melhor
fonte sobre a história da Igreja durante os três primeiros século de sua
existência, embora eruditos lastimem que não tenha feito notas de rodapé mais
precisas em sobre suas fontes de informação, a exemplo do que fazem os
historiadores contemporâneos. Apesar de suas monótonas divagações e de sue
estilo inconstante, a obra tem sido de inestimável valor para a Igreja ao longo
dos séculos.
Cremos num só Deus, Pai Todo-Poderoso, Criador das
coisas visíveis e invisíveis. E no Senhor Jesus Cristo, Verbo de Deus, Luz da
Luz, Vida da Vida, seu único Filho, o primogênito de todas as criaturas, gerado
do Pai antes de todo o tempo, por quem também tudo foi criado, que se encarnou
para nossa redenção, que viveu e padeceu entre os homens, ressuscitou ao
terceiro dia, retornou ao Pai, e virá de novo um dia em sua glória para julgar os vivos e os
mortos.
Cremos também no Espírito Santo. Cremos que cada um
dos três existe e subsiste: o Pai verdadeiramente como Pai, o Filho
verdadeiramente como Filho, o Espírito Santo verdadeiramente como Espírito
Santo, como Nosso Senhor também disse quando mandou seus discípulos para
pregar: “Ide e ensinai a todos os povos, e batizai-os em nome do Pai e do Filho
e do Espírito Santo.”
SOMENTE A DEUS SEJA DADA A GLÓRIA!!!
SOMENTE A DEUS SEJA DADA A GLÓRIA!!!
O CREDO NICENO-CONSTANTINOPOLITANO
A Igreja Cristã vinha se desenvolvendo e recebendo aceitação em todas as camadas sociais, e com isso passou a sofrer maior oposição de Roma e do judaísmo, na forma de perseguições e a morte daqueles que professavam à fé cristã. Entretanto, este não foi o único tipo de perseguição sofrida pela igreja. Se por um lado o governo de Diocleciano (284-305) se tornava cada vez mais feroz e brutal, por outro lado, teve início uma nova forma de ataques contra a igreja. Aqueles que se posicionavam contrários a fé se juntaram para tentar destruir tudo que até ali fora ministrado como verdade e revelação direta de Deus para o homem. E foi diante dessa necessidade de defesa da fé e de resposta contra as heresias cristológicas lançadas por Ário e seus seguidores, que surgiu o Credo Niceno.
Havia a necessidade de uma resposta cabal e como forma de defender a fé foi feita convocação de um concílio para a cidade de Nicéia, que foi realizado no período de Maio/ Junho da 325 A.D.; estavam presentes a esse encontro 220 bispos que, se reuniram no firme propósito de responder as questões levantadas por Ários. Os bispos precisavam responder com exatidão, clareza e sem nenhuma possibilidade de falsas interpretações para a questão se Jesus é ou não o verdadeiro Deus. Eles precisavam mostrar exatamente o que as Sagradas Escrituras ensinavam a respeito do Senhor Jesus.
A redação final, contudo, como encontramos nos dias de hoje, surgiu a partir do concílio de Constantinopla, em 381 A.D., onde foi reafirmada a doutrina bíblica com respeito ao Espírito Santo.
Oficialmente, o credo, só foi aceito a partir 451 A.D., durante a realização do concílio da Calcedônia quando, finalmente, a igreja ocidental aceitou a emenda constante no 3º paragrafo que diz "Deus de Deus" e do acrécimo do Filoque ("e o Filho").
O Credo Niceno-Constantinopolitano
Creio em um Deus, Pai Todo Poderoso, Criador do céu e da terra, e de todas as coisas visíveis e invisíveis;
e em um Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado e não criado, de uma mesma substância com o Pai, pelo qual todas as coisas foram criadas; o qual por nós homens e para nossa salvação, desceu dos céus, foi feito carne pelo Espírito Santo na Virgem Maria; e foi feito homem; e foi crucificado por nós, sob o poder de Pôncio Pilatos. Ele padeceu e foi sepultado; e no terceiro dia dia ressuscitou conforme as Escrituras; e subiu aos céus; e se assentou à direita de Deus Pai; e de novo há de vir em glória, para julgar os vivos e os mortos; e seu Reino não terá fim.
E no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai e do Filho, que com o Pai e com o Filho é conjuntamente adorado e glorificado e que falou através dos profetas.
Creio na igreja una, universal e apostólica. Reconheço um só batismo para remissão dos pecados; e aguardo a ressurreição dos mortos e a vida eterna. Amém.
SOMENTE A DEUS SEJA DADA A GLÓRIA!!!
O Credo Apostólico
O Credo Apostólico é, sem nenhuma dúvida, o mais conhecido de todos os credos existentes; a tradição geralmente atribui este credo aos doze apóstolos. Entretanto, alguns estudiosos acreditam que ele tenha sido desenvolvido em período posterior, a partir de pequenas confissões batismais usadas pelas igrejas dos primeiros séculos.
Ainda que se trate de uma peça de origem muito antiga, acredita-se que o credo apostólico só tenha alcançado sua forma definitiva, como a conhecemos na atualidade, por volta do sexto século, quando são encontrados registros do seu emprego na liturgia oficial da igreja ocidental. Contudo, seja de como for, Tudo indica para uma evidente conexão com outros credos antigos menores; como os seguintes:
Creio em Deus Pai Todo-poderoso , e em Jesus Cristo , seu único Filho, nosso Senhor. E no Espírito Santo, na santa Igreja, na ressurreição da carne.
Creio em Deus Pai Todo-poderoso . E em Jesus Cristo seu único Filho nosso Senhor, que nasceu do Espírito Santo e da virgem Maria; concebido sob o poder de Pôncio Pilatos e sepultado; ressuscitou ao terceiro dia; subiu ao céu e está sentado à mão direita do Pai, de onde há de vir julgar os vivos e os mortos. E no Espírito Santo; na santa Igreja; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo.
O Credo Apostólico, assim como os Dez Mandamentos e a Oração Dominical, foi anexado, pela Assembléia de Westminster, ao Catecismo. “Não como se houvesse sido composto pelos apóstolos, ou porque deva ser considerado como se fora Escritura canônica, mas por ser um breve resumo da fé cristã, por estar de acordo com a palavra de Deus, e por ser aceito desde a antiguidade pelas igrejas de Cristo.”
O CREDO APOSTÓLICO
Creio em Deus, o Pai onipotente, Criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo , seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu aos infernos, no terceiro dia ressuscitou dos mortos, subiu aos céus, está sentado à destra de Deus, o Pai onipotente, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, a santa igreja católica [cristã], a comunhão dos santos, a remissão dos pecados, a ressurreição da carne e a vida eterna. Amém.
O matéria acima tem partes extraída do texto encontrado no site http://monergismo.com
A quem agradeço e declaro minha admiração.
SOMENTE A DEUS SEJA DADA A GLÓRIA!!!
O matéria acima tem partes extraída do texto encontrado no site http://monergismo.com
A quem agradeço e declaro minha admiração.
SOMENTE A DEUS SEJA DADA A GLÓRIA!!!
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