O KIT GAY, A CORRUPÇÃO E NÓS.
Faz muito tempo desisti de debater política. Fui alguém que, durante um tempo de minha vida acordava, andava, trabalhava, comia, bebia, falava e até sonhava política. Minha amada esposa sofreu muito por conta disso. Neste espaço nunca pretendi me manifestar sobre política, mas há momentos em que devemos tratar de assuntos que não nos agradam, mas que é de interesse geral.
No ano passado postei um artigo relacionado a homofobia e de lá prá cá “as coisas” pioraram muito. Chegando até ao absurdo “kit gay” que, pelo menos por enquanto, saiu de cena. E é sobre isso que eu quero falar.
A grande parte dos evangélicos tem comemorado a paralisação da entrega do “kit gay” e a eventual queda do decreto que estabelecia o tal “kit”. Porém, algumas vozes já se levantam para atacar a Bancada Evangélica, afirmando que os deputados e senadores teriam se “rendido” ao famoso “toma lá da cá” ao assinalar com a troca da não assinatura no pedido de convocação do ministro Palocci, em troca da retirada do “kit” e da queda do decreto.
Essas vozes declaram que a Bancada Evangélica teria vencido através de uma chantagem política e, com isso, estariam acobertando alguém que se recusa a dar explicações sobre o seu enriquecimento, juntamente com a presidenta Dilma, “que sabe que se o Palocci tiver que falar a casa pode cair.”.
Eu não sei se o Palocci enriqueceu através de corrupção, ou não - até porque não sou seu contador, nem seu confidente e nem fiscal do imposto de renda. Mas sei com certeza que não devo tirar conclusões precipitadas em se tratando de acusações de inimigos políticos, afinal, os políticos são todos levianos e fazem tudo para estar frente aos holofotes.
Eu não sei se o Palocci enriqueceu através de corrupção ou não, mas sei que o Ministério Público não viu nada de errado (até o momento), entretanto, durante o governo passado ele chegou a ser processado.
Também não quero que pensem que sou ingênuo a ponto de pensar que Palocci, e demais integrantes desse governo, sejam um poço de honestidade porque não sou tão estúpido assim. No entanto, o PSDB não é melhor do que o PT, ou que o PMDB.
Posso não concordar com a atitude dos deputados evangélicos, pois preferia que além dessa vitória, pudéssemos ter independência suficiente para assinar a convocação do ministro Palocci (se realmente houverem indícios de corrupção). Contudo, não posso deixar de perceber que não temos representatividade suficiente no Parlamento nacional, em termos quantitativos.
Mas, pior que isso é não termos representatividade suficiente em termos populares.
Não conseguimos ter representatividade suficiente para barrar a PLC122, apesar de sermos muito mais numerosos que os gays e lésbicas.
Não demos legitimidade e força aos nossos poucos representantes na Câmara e no Senado, fazendo manifestações públicas – seja através de passeatas, ou mesmo cultos públicos para alertar a toda a sociedade contra a violência que estava sendo cometida contra aqueles que crêem nas verdades contidas na Bíblia. Não nos manifestamos de forma contundente contra uma imposição que uma minoria tentava impor a força. Nos calávamos, enquanto pessoas de forma nazi-facista, manipulavam para tolher nossa liberdade de expressão.
A verdade é que nos omitimos e, de certa forma, fomos coniventes com tudo o que está ocorrendo agora. Se os deputados da bancada evangélica fizeram barganha, para barrar o kit gay, uma parcela dessa culpa é nossa. Porque não lhes demos sustentação suficiente na hora que necessitaram de nós. Porque não elegemos mais representantes nossos, que pudessem estar em Brasília para votar contra essa intolerância religiosa que está se manifestando contra os cristãos.
Porque, de certa forma, ajudamos a eleger pessoas que fatalmente acabariam votando contra nós. Muitos evangélicos votaram em políticos profissionais, em pessoas que estão lá no Congresso a vários mandatos, tomando café com os evangélicos, cerveja com os católicos e “marafo” com os umbandistas. Pessoas que só comem o pastel da feira de quatro em quatro anos.
Se hoje, a Bancada Evangélica, uso da forma de política adotada por Maquiavel foi porque não lhes demos armas melhores; se, no momento adequado, houvéssemos feito valer nosso poder de cidadãos com certeza a história seria outra. Nos omitimos e ainda nos desculpamos dizem que o Congresso é um local depravado, obscuro e que nossos “homens de Deus poderiam se perder”.
Eu não creio nisso! Se algum dos nossos “homens de Deus” se perdesse é porque, na realidade, não era um homem de Deus.
Além disso, se tivéssemos uma grande quantidade de homens de Deus no Congresso Nacional, tenho certeza que poderíamos afastar a corrupção daquele lugar, além de poder fazer leis mais justas para todos.
Seja como for, “sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm.8.28) e que por isso mesmo lhes digo, como Paulo disse: “Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.” (Fp.4.4).
SOMENTE A DEUS SEJA DADA A GLÓRIA!!!
E pensar que os paulistas evangélicos elegeram a Marta Suplicy como senadora... É de chorar... André Forcetto
ResponderExcluirObrigado, Pastor André por sua colaboração e especialmente por sua brilhante observação. Uma vez mais o senhor demonstra sua enorme capacidade de observação (qualidade essencial em um grande líder, como é o seu caso). Infelizmente uma grande quantidade de evangélicos votou nessa senhora, apesar de todos saberem qual a posição da sra. Marta Suplicy com relação ao assunto. E depois queremos cobrar posições ética e coerentes dos deputados e senadores evangélicos. Eles são apenas o reflexo do que somos.
ResponderExcluirMuito bom... como sempre!!
ResponderExcluirAh! Filha, você é muito generosa com esse seu velho pai.
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