Se há um texto, nas Sagradas Escrituras, que tem suscitado enormes controvérsias e criticas, especialmente por parte das mulheres
em geral e das feministas em particular, sem dúvidas esse texto está em I Pe. 3: 1- 6; nele encontramos a seguinte afirmação:
“Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa, ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor. Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus. Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas a seu próprio marido, como fazia Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não temendo perturbação alguma.”
Geralmente se diz que o texto em questão está ultrapassado, e que hoje a mulher ocupa um espaço que naquele tempo ela não podia ocupar por conta do enorme machismo que existia. Mas hoje em dia é diferente e a submissão feminina ficou ultrapassada pelo tempo e pelas conquistas da mulher; afinal, nos dias de hoje, e desde o século XIX, a mulher vem lutando e conquistando novos espaços, até chegar à nossa atualidade, onde a mulher está par a par com o homem.
Se de fato houve um momento em que a sociedade se tornou absolutamente machista e corporativista em favor do homem, como de fato existiu, devemos entender que à mulher sempre foi reservado um papel de destaque. Busquemos o auxílio da própria Escritura Sagrada para entender isso:
Em Gênesis, nos capítulos 1 e 2, temos a descrição de como foram criadas todas as coisas, mas a partir do versículo 18, do capítulo 2, ficamos sabendo como e porque se deu a criação da mulher. Em Gn. 2:18 lemos: “Disse mais o SENHOR Deus: “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.”. A palavra “auxiliadora” (‘ezer), significa ajuda, ou socorro; sendo procedente de “‘azar” que tem por significado “ajudar, socorrer, apoiar, aquele que ajuda”; portanto, o texto nos mostra, que a mulher não foi criada para ser inferior ao homem, tanto que em Gn. 1:27 diz:“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.”. Devemos, no entanto, salientar que, apesar de ambos haverem sido criados a imagem e semelhança de Deus, o homem foi criado do pó da terra, enquanto a mulher foi criada a partir de uma costela tirada do homem (por isso é que o apóstolo Paulo, ao comentar com relação ao véu, diz: “Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça, por ser ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do homem. Porque o homem não foi feito da mulher, e sim a mulher, do homem. Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem. Portanto, deve a mulher, por causa dos anjos, trazer véu na cabeça, como sinal de autoridade.” - I Co 11: 7-10; prosseguindo o texto, no entanto, o Apóstolo ressalta: “No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem, independente da mulher. Porque, como provém a mulher do homem, assim também o homem é nascido da mulher; e tudo vem de Deus.” - I Co. 11: 11-12).
Retornando ao livro de Gênesis, devemos recordar que no relato em 1:28 diz: “E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.”. Devemos lembrar, sobretudo, que quando DEUS deu a ordem “dominai”, no hebraico “kabash” (subjugar, dominar, forçar, manter dominado, aprisionar), não falou apenas ao homem, mas aos dois, ao homem e a mulher. E essa é a constatação de que os fez iguais, sem distinção e em igualdade. Porém, o capítulo 3 de Gênesis, faz com que isso mude.
O capítulo 3 fala da entrada pecado e da queda do homem, quando chega no versículo 18 encontramos o Senhor dizendo à mulher: “Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará.”. Neste ponto há uma ruptura com toda a manifestação de paz e alegria antes existente. Sabemos que o pecado trouxe o sofrimento e que o homem, ao transgredir a Palavra de Deus, trouxe maldição sobre si e sobre tudo que havia sido criado: “E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás.” (Gn.3: 17-19).
Assim vemos que, por conta de uma desobediência, o homem teve suprimido o direito de um trabalho menos laborioso, ao contrário foi-lhe acrescentado a fadiga. E a mulher lhe foi dado o sofrimento durante a gravidez e pior, o Senhor disse à Eva: “e ele te governará.”; no hebraico, “mashal”, que tem o significado de governar, ter domínio, reinar. Portanto, vemos que de fato, à mulher foi colocado a sergovernada, dominada pelo homem, pelo seu homem.
Entretanto, não lhe foi tirado ser a auxiliadora do homem, e assim vemos em Pv.31:10- ss, o comportamento que deve ter a mulher virtuosa e que entre os deveres da mulher está a administração dos bens da família: “Administra os bens de sua casa e não se entrega à preguiça” (Pv.31:27 – Almeida século 21). A Bíblia nos conta histórias de mulheres que ficaram em pé de igualdade com os homens e até mesmo superaram a força masculina com sua perspicácia e inteligência. Porém, ainda assim, à mulher foi recomendado que estivesse em submissão à seu marido.
No texto em questão, a palavra “submissão” é a tradução do vocábulo grego “hupotasso”, que quer dizer:“organizar sob, subordinar, sujeitar, colocar em sujeição, obedecer, submeter ao controle de alguém.”; é, também, um termo militar grego que significa "organizar [divisões de tropa] numa forma militar sob o comando de um líder". Em uso não militar, era "uma atitude voluntária de ceder, cooperar, assumir responsabilidade, e levar uma carga". Por isso não há dúvidas que a submissão exigida no texto não é algo ultrapassado, assim como nossa condição de pecadores não é ultrapassada por nossa própria vontade.
Porém a submissão exigida no texto não é algo devida ao marido apenas porque ele é homem, ou porque ele seja superior a mulher. Como já vimos em I Co. 11: 11,12 - “No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem, independente da mulher. Porque, como provém a mulher do homem, assim também o homem é nascido da mulher; e tudo vem de Deus.”. Ou seja: perante Deus todos somos iguais, independente do sexo.
Oras a submissão, a rigor, é colocar tudo o que se tem (entendimento, conhecimento, opiniões, sentimentos, energia) à disposição de uma pessoa que exerce autoridade sobre outra. É ter obediência a essa autoridade, ao mesmo tempo em que é uma atitude da vontade particular e pessoal de cada indivíduo.
Assim, a mulher, deve entender que a submissão que a esposa deve ter por seu marido não é exatamente por ele ser seu marido, mas especialmente por ser uma serva de Deus, obediente e submissa à sua vontade de seu Senhor e, em conformidade com a sua Palavra.
Devemos verificar, também que o texto diz: “Mulheres, sede vós, igualmente, submissas” e a palavra “igualmente” aparece, também, no versículo 7, o que estabelece que assim como a mulher se submete ao marido, ele deve-lhe compreensão e honra. E ao mesmo tempo, esse texto, remete-nos ao princípio geral de submissão ao governo e às autoridades (cf. I Pe. 2:13; Rm 13:1-5) e lembrando que tudo deve ser feito como para o próprio Senhor (cf. Cl. 3:23-24).
Portanto, assim como o homem deve submissão às autoridades governamentais, por serem a “cabeça” da Nação; como devemos submissão aos nossos pastores, por serem nossas autoridades eclesiásticas, as mulheres devem ser submissas aos seus maridos (como ao Senhor), já que ele foi constituído como cabeça da mulher (cf. Ef. 5:22); a palavra usada por Paulo foi “kephale”, que indica que com a perda da cabeça se destrói a vida, ou seja: uma palavra frequentemente usada em frases relacionadas com a pena capital e extrema; ao mesmo tempo é uma palavra usada de forma metafórica para designar algo supremo, principal, proeminente (por exemplo Cristo em relação à Igreja).
Ainda que as feministas continuem apontando contra os textos bíblicos que falam da submissão, devemos ter claro que o sentido não será modificado e mesmo contra a vontade delas, esses versículos não deixarão de existir. Entretanto, não podemos deixar de mencionar que desde Aristóteles (séc. IV a.C.) as relações familiares sempre foram pautadas de acordo com óbvios interesses de demonstrar que o cabeça do lar tinha o direito de governar a família e seus escravos, dominando de forma absoluta. Porém, na ótica apresentada por Deus, através dos apóstolos Paulo e Pedro, está em que a dominação, antes exercida pelos homens poderia ser trocada pela intensidade do amor de Cristo que estava derramado em suas vidas e que eles poderiam distribuir em forma de cuidados para com aqueles que estavam aos seus cuidados.
E Paulo, em Ef. 5:22-32, vai mais longe mostrando como devem se desenvolver os relacionamentos familiares; mostrando que, ainda que o homem seja o líder e a mulher lhe deva submissão, ao homem cabe a responsabilidade de amar de forma intensa (o exemplo que Paulo propõe é o do próprio Senhor entregando sua vida em favor de sua Igreja – cf. Ef. 5 25).
Porém, e acima de tudo, foi para a mulher cristã que os textos foram escritos. Foi para
a mulher que por livre vontade e grata aceitação se colocará sob os cuidados e a liderança de seu marido, como se fora diretamente para o Senhor Jesus.SOMENTE A DEUS A GLÓRIA!!!!